Em um editorial publicado no dia 04/04, o jornal Folha de S. Paulo teceu críticas à nomeação de Marcelo Crivella ao Ministério da Pesca e Aquicultura. A “Folha”, como o jornal é conhecido, identificou Crivella como “bispo cantor gospel” no texto do editorial “Pescaria Fisiológica”.
Em resposta, o ministro redigiu um artigo criticando o editorial do jornal. Em seu texto, Crivella afirma que “não é de hoje que a Folha assume o melancólico papel de vanguarda de uma imprensa facciosa e inimiga jurada dos evangélicos”. O artigo de resposta do bispo da Igreja Universal do Reino de Deus foi publicado pelo próprio jornal.
Crivella questiona a postura adotada pelo jornal e lamenta o fato de a Folha de S. Paulo entender que sua fé o desqualifica para o cargo: “Fosse apenas essa a crítica, paciência, porque se entende a imprensa, mesmo com as suas demasias. O que não se entende é que a Folha procure detratar a pessoa do ministro por ser “bispo evangélico e cantor gospel”, como se isso me desqualificasse a priori”.
O ministro da pesca afirma que pelas linhas do editorial “escorrem a baba envenenada do preconceito”, e afirma que “na sanha implacável do insulto, insinua que a prática de colocar minhoca no anzol é um imperativo técnico-científico para o exercício do cargo de ministro da Pesca e Aquicultura”, fazendo referência ao fato de ele mesmo ter admitido que não entendia do assunto na prática: “como se o ministro da Defesa atirasse de canhão, o dos Esportes fosse atleta ou o Serra, quando na Saúde, soubesse aplicar injeção”, ironiza.
Confira abaixo a íntegra do artigo do ministro Marcelo Crivella, “Eclipse jornalística”:
Não é possível que a Folha procure detratar alguém por ser “bispo evangélico e cantor gospel”, como se isso me desqualificasse a priori.
Todos se lembram quando o maior demagogo da história capitalizou as dificuldades financeiras para envenenar o povo alemão com as quimeras da vingança.
Aí seguiu o fechamento do parlamento, a mordaça na imprensa, a adesão do grande capital e a submissão das forças armadas. Os judeus estavam na primeira fila do ódio do Füher, depois viriam os ciganos, os negros… Era a marcha da insanidade. Como é odioso o preconceito e a que ponto pode chegar!
Li perplexo o ataque que a Folha fez no editorial “Pescaria fisiológica” (4 de abril) ao Ministério da Pesca e Aquicultura e a mim, o ministro, há apenas 28 dias no cargo.
Cabe primeiro, quanto a compra das lanchas, resgatar a verdade do entulho de mentiras e injúrias. São boas e necessárias, e isso foi escrito na ata de recebimento das lanchas por oficiais da Marinha. Convenhamos, ninguém entende mais de barco que eles. Demoraram a entrar em uso? Sim. Mas nem todas.
Em visita a Campo Grande, conversei com o coronel Matoso, do Batalhão Florestal, que disse usar diariamente a lancha para reprimir a pesca predatória no Rio Paraguai.
Do mesmo modo, os técnicos do BNDES consideram o potencial de produção de pescado do Brasil, sobretudo na aquicultura, um segundo pré-sal. Irrelevante, portanto, não é o ministério -é o editorial.
Fosse apenas essa a crítica, paciência, porque se entende a imprensa, mesmo com as suas demasias.
O que não se entende é que a Folha procure detratar a pessoa do ministro por ser “bispo evangélico e cantor gospel”, como se isso me desqualificasse a priori.
E a partir daí, cada letra de cada palavra do editorial, cada palavra de cada linha e cada linha de cada parágrafo escorrem a baba envenenada do preconceito. Na sanha implacável do insulto, insinua que a prática de colocar minhoca no anzol é um imperativo técnico-científico para o exercício do cargo de ministro da Pesca e Aquicultura.
Ora, como se o ministro da Defesa atirasse de canhão, o dos Esportes fosse atleta ou o Serra, quando na Saúde, soubesse aplicar injeção.
O problema, contudo, não é a minhoca. O problema é o “bispo evangélico”. Isso por si só já basta para, em uma trama cerebrina, a Folha maldar que barcos e bispos se compram com o dito fisiologismo do PT.Ora, devagar. Que o jornal tenha a sua concepção de governo e o perfil de quem deve ou não participar do ministério, é natural e devemos respeitar, ainda que os 77% de aprovação da presidenta, mesmo depois de ter nomeado um ministro evangélico sem o consentimento e a aprovação prévios da Folha, mostrem o contrário.
O que devemos repudiar é que, em plena Semana Santa, o jornal use de sua verve para promover o preconceito contra os evangélicos e, por tabela, contra a liberdade de culto e a livre expressão do pensamento.
Comportamentos do gênero, sabemos pela história, se extravasam sempre na intolerância, na truculência, na opressão e no ódio.
E já não é de hoje que a Folha assume o melancólico papel de vanguarda de uma imprensa facciosa e inimiga jurada dos evangélicos.
Como agora nessa espécie de libelo do Santo Ofício da Inquisição.
Será esse o papel da Folha? Capitalizar a indignação popular por supostos escândalos ainda investigados pelo TCU para envenenar seu público numa cruzada contra evangélicos em uma luta fratricida sem ideal, sem nobreza e grandeza?
Que lamentável eclipse jornalístico, tão distante das tradições democráticas que fizeram da Folha o maior jornal do país.
Fonte: Gospel+