A introdução ao trabalho ainda na infância, como forma de apresentar conceitos em torno da vida profissional, foi comentada pelo presidente Jair Bolsonaro (PSL) na última quinta-feira, 04 de julho. Sua afirmação foi comentada pela psicóloga Marisa Lobo após o assunto se tornar alvo de uma polêmica por parte de seus opositores, que passaram a acusá-lo de defender a exploração infantil.
Bolsonaro afirmou que aproximar crianças da rotina de trabalho pode ser uma prevenção aos desvios na juventude. “Olha só, trabalhando com nove, dez anos de idade na fazenda eu não fui prejudicado em nada. Quando um moleque de nove, dez anos vai trabalhar em algum lugar, tá cheio de gente aí [afirmando que é] ’trabalho escravo, não sei o quê, trabalho infantil’. Agora, quando tá fumando um paralelepípedo de crack, ninguém fala nada”, disse o presidente, que em seguida enfatizou que não pretende apresentar nenhum projeto nesse sentido.
A psicóloga Marisa Lobo (Avante-PR) comentou a fala do presidente e rebateu críticas: “Bolsonaro não defendeu trabalho infantil, defendeu uma educação eficiente e criticou os abusos da modernidade que estão transformando nossos filhos em viciados, perturbados, doentes de alma e de valores. Tudo é uma questão de interpretação de texto e da linguagem”, afirmou.
Em uma longa publicação no Facebook, Marisa Lobo abordou o assunto do ponto de vista de sua especialidade: “Falando como psicóloga, acho uma hipocrisia sem tamanho criticar as falas do presidente que são verdadeiras e retratam sua infância. Hoje tantos pais sofrem com comportamentos antissociais e agressividade de seus filhos que fazem parte dessa ‘pátria educadora’ da geração Malhação, que ensina que os pais devem se submeter aos filhos”.
“Isso sim é trabalho escravo. Escravizar toda uma geração, submeter nossas crianças ao abuso midiático, abuso psicológico, abuso infantil para contentar ativistas inclusive que odeiam crianças, já que lutam pela sua morte, apoiando aborto”, acrescentou Marisa Lobo.
Ainda segundo a psicóloga – que é mãe – em outros tempos, “os pais tinham o poder de nos educar, mesmo com alguns excessos, mesmo assim, era muito mais eficiente que hoje a educação, pois não tirava a autoridade dos pais”.
“Sabemos que a decisão final sempre será dos filhos, mas os exemplos são dos pais, pais firmes, que cobram atitudes dos filhos com exemplos rígidos, conseguem transformar seus filhos em homens e mulheres de bem, ainda que tenham suas falhas, no final nos dão orgulho”, concluiu Marisa Lobo.
O próprio presidente, após a polêmica, resolveu esclarecer o episódio. Nos tweets, afirmou que sua fala está sendo deturpada: “A esquerda está me atacando por defender que nossos filhos sejam educados para desenvolver a cultura do trabalho desde cedo. Se eu estivesse defendendo sexualização e uso de drogas, estariam me idolatrando. Essa é a verdade! Não devemos confundir o incentivo ao trabalho e à disciplina com exploração, abuso e abandono da escola. São coisas completamente distintas e todos sabemos disso. Um forte abraço a todos!”.
– Não devemos confundir o incentivo ao trabalho e à disciplina com exploração, abuso e abandono da escola. São coisas completamente distintas e todos sabemos disso. Um forte abraço a todos!
— Jair M. Bolsonaro (@jairbolsonaro) 5 de julho de 2019
– Um testemunho de quem trabalhou desde cedo transforma-se em escândalo para alguns. pic.twitter.com/4fHgKAwCeM
— Jair M. Bolsonaro (@jairbolsonaro) 6 de julho de 2019