O material eleitoral distribuído por um candidato a deputado estadual está gerando controvérsia no Rio de Janeiro por trazer estampado o apoio a Marina Silva e classificar a presidente Dilma e os movimentos LGBT como “anticristo”.
Segundo o deputado Jean Wyllys (Psol-RJ), o material distribuído na zona oeste do Rio de Janeiro trás os nomes de Marina Silva para presidente, Ezequiel Teixeira (PEN) para deputado federal e Édino Fonseca (Solidariedade) para deputado estadual. Composto por revista com 24 páginas mais um DVD, o material é assinado com o CNPJ eleitoral de Fonseca: 20583168000184.
Em artigo na Carta Capital, Wyllys critica a campanha de Fonseca afirmando que as revistas estão sendo distribuídas por “um exército de fiéis recrutados como voluntários por igrejas evangélicas fundamentalistas”.
– Na capa, a revista com Fonseca, Teixeira e Marina anuncia: “Veja os planos do anticristo: nova ordem mundial contra a família e a igreja” (a palavra “Veja” é escrita com a mesma tipografia usada pela revista da editora Abril), e depois enumera: “eutanásia, mercado do feto, prostituição de menores, carícias de homossexuais em lugares sagrados…” – afirma o deputado.
Jean Wyllys afirma que o DVD que acompanha o material é composto de “mentiras acerca de LGBTs, estimulando o ódio e a violência contra estes, além de trazer deturpações sobre as pautas dos movimentos feministas e negro para prejudicar a candidatura da presidenta Dilma”, e que “o panfleto mistura um discurso religioso da época da Inquisição”.
– A publicação descreve uma conspiração satânica internacional para a criação de uma “nova ordem mundial” que pretende “se rebelar contra Deus” e “dominar a mente do povo com a legalização das drogas”, acusa o governo do PT de querer legalizar a eutanásia para “matar os mais velhos” e o aborto para provocar um “extermínio” e comercializar os órgãos dos fetos abortados – descreve Wyllys.
Em meio a várias críticas contra o material, o deputado questiona se Marina Silva e sua coordenação de campanha concordam com tal material, que ele classifica como “esgoto político”. Wyllys afirma também que a união dos candidatos a deputado em um único material de campanha é ilegal, por suas candidaturas proporcionais não estarem coligadas.
– Eu gostaria de saber se Marina Silva sabe que seu nome está sendo usado nessa campanha suja. Fonseca é candidato pelo PEN, uma legenda de aluguel de ultradireita que faz parte da coligação de Aécio Neves, da mesma forma que o partido Solidariedade, formado por parlamentares que decidiram sair das legendas pelas quais se elegeram, entre eles Teixeira. Ambos fazem parte, também, da coligação estadual que apoia o governador Pezão, que por sua vez é do PMDB, aliado à presidenta Dilma, mas que também faz campanha por Aécio. Contudo, Fonseca e Teixeira fazem campanha por Marina – explica.
Em uma atualização posterior feita em seu artigo no site da revista Carta Capital, Jean Wyllys comenta que a coordenação da campanha de Marina veio a público e desautorizou os dois candidatos fluminenses; garantiu que vai processá-los pelo que fizeram e que vai exigir o recolhimento do material.
Clique aqui para ler na íntegra o material, publicado por Wyllys no site da revista.