O pastor Tim Keller, fundador da Igreja Presbiteriana Redeemer, em Nova York, compartilhou suas reflexões a respeito de uma tendência mundial entre evangélicos de se concentrarem em megaigrejas, e afirmou que o modelo tem mais erros que acertos.
Keller – que vem lutando contra um câncer – explicou os motivos de ter rejeitado expandir a igreja que fundou ao patamar de megaigreja, e disse que agora a congregação inicial se desdobrou em outras menores, para manter a liderança próxima dos membros.
“Megaigrejas têm algumas falhas de projeto. Em geral, são lugares pobres de formação e pastoral devido ao seu tamanho. Em nosso momento cultural atual, isso é um problema mortal porque os cristãos estão sendo mais formados pelas mídias sociais do que pela comunidade cristã local. Precisamos de comunidades densas e o tamanho de nossas igrejas contribui para isso”, introduziu.
A análise do teólogo e escritor é que há algo intrínseco a esses projetos que não permite um trabalho que permita o surgimento de novas lideranças: “As megaigrejas crescem sob um fundador, elas geralmente não são preparadas para serem entregues a um sucessor. Essa pessoa é sempre excessivamente e às vezes duramente comparada em todos os sentidos ao fundador. É nocivo para ambos e para o movimento”.
“As megaigrejas tendem a crescer rapidamente sob um fundador, elas geralmente dependem muito dos dons e da personalidade desse fundador, então quanto mais cedo essa dependência viciante for quebrada, melhor”, sugeriu.
Propriedades
Keller destacou que “muitas vezes o fundador passa a ver a igreja como sua posse pessoal – e uma extensão de sua personalidade e auto-imagem”, e que muitos desses líderes não cogitam a hipótese de desapegar da função.
Em seguida, o pastor deu seu testemunho pessoal: “Consegui entregar a [liderança da Igreja Presbiteriana] Redeemer a um grupo mais diversificado de líderes […] todos, embora solidamente unidos na teologia reformada, trazem suas distintas perspectivas culturais, experiências e sabedoria”.
Reiterando do desmembramento da igreja que fundou, ele explicou que “as congregações menores devem fazer uso de uma porcentagem maior dos dons e talentos dos leigos”, criando um ambiente onde “há menos dependência da equipe e um número menor de espectadores que apenas assistem para observar e não participar”, o que resulta em maior envolvimento nas iniciativas da igreja.
“Megaigrejas tendem a atrair pessoas de grandes distâncias que não estão geograficamente próximas o suficiente para participar da construção da comunidade, discipulado e ministério local para a vizinhança da igreja. […] Cidades e regiões podem se beneficiar dos recursos exclusivos de uma megaigreja (por exemplo, centros de aconselhamento, seminários). Mas, em geral, a área – e os cristãos – se beneficiarão mais de 10 igrejas de 400 [membros] espalhadas por toda a cidade, em vez de uma igreja de 4.000 no meio dela”, resumiu, em uma publicação feita em sua página no Facebook.