Um antropólogo evangélico que também atua como missionário foi nomeado para um cargo-chave na Fundação Nacional do Índio (Funai), e a indicação tem incomodado opositores do governo Bolsonaro.
Ricardo Lopes Dias foi nomeado para ocupar a Coordenadoria Geral de Índios Isolados e Recém Contatados, um cargo técnico da Funai.
Dias é antropólogo, o que o capacita para a função. Segundo informações do jornalista Matheus Leitão, do portal G1, ele também é formado em teologia e atuou por anos na Missão Novas Tribos do Brasil (MNTB), organização dedicada à evangelização de indígenas.
Esse histórico, embora seja criticado pela oposição ao governo – inclusive entre servidores da própria Funai – evidencia a experiência de campo que Lopes Dias acumulou ao longo do tempo no contato direto com as tribos indígenas.
Da mesma forma que ocorre com diversas outras entidades dedicadas à evangelização indígena, a MNTB responde a processos na Justiça acusada de tentar “camuflar” os objetivos evangelísticos nas aldeias com ações de educação e assistência.
Entre antropólogos, a maioria simpatizantes à ideologia de esquerda, corre a teoria de que as tribos devem ser mantidas isoladas e não devem tomar conhecimento ou sofrer influência da cultura ocidental, o que inclui as religiões. Dessa forma, o evangelismo seria vedado aos índios.
A nomeação de Lopes Dias foi possível devido a uma mudança estatutária da Funai, feira pelo presidente do órgão, Marcelo Augusto Xavier, permitindo que o cargo pudesse ser ocupado por pessoas de fora do quadro da administração pública.
Para o jornalista Alexandre Garcia, a escolha de alguém de fora dos quadros da Funai, mas com experiência de contato com as tribos, foi amplamente positiva para que se exponham condutas indevidas dos antecessores.
“Eu acho muito melhor porque os índios meus amigos, com quem eu falo quase todos os dias, me contam que há índios isolados, sim, na Amazônia, e muitos são enganados. Inclusive por médicos. Os índios sabem disso. Se alguém que está envolvido está sabendo, os índios sabem também. Tanto que contam que colhem material genético e biológico, põem em aviões e esse material vai para o exterior. Sei lá se é para algum laboratório de medicamento, alguma coisa, mas devem estar ganhando com isso”, afirmou.
Confira o depoimento de Alexandre Garcia no vídeo abaixo: