A bancada evangélica irá atuar como um escudo blindado do ministro da Justiça, Sérgio Moro, que vem sendo alvo de uma polêmica após a revelação de conversas roubadas através de invasão dos celulares dos integrantes da Operação Lava-Jato.
“Ele está blindado por nós”, declarou o pastor Marco Feliciano (PODE-SP), vice-líder do governo na Câmara dos Deputados e um dos principais articuladores da bancada evangélica.
A afirmação foi feita após um encontro de cerca de 30 parlamentares evangélicos com Moro recentemente. “Fizemos uma oração e abençoamos a vida dele. Pedimos que Deus dê tranquilidade ao ministro”, disse o pastor à jornalista Mônica Bergamo, do jornal Folha de S. Paulo.
O encontro entre os deputados e Moro se deu em meio à repercussão da invasão feita por hackers nas conversas entre o então juiz da 13ª Vara Federal de Curitiba (PR) e o procurador Deltan Dallagnol, trocadas pelo aplicativo de mensagens Telegram.
A conversa durou aproximadamente 40 minutos, e o ministro negou que tenha combinado atuações com a força-tarefa do Ministério Público Federal (MPF) no período em que, enquanto juiz, era responsável pelos processos relativos à Operação Lava-Jato.
“Ele nos disse que foi um vazamento criminoso, que não pode confirmar nada até porque não sabe o conteúdo total”, declarou o pastor Marco Feliciano após a reunião. “Moro disse que está tranquilo, que quem não deve não teme e que não houve conluio algum”, acrescentou.
Enquanto isso, a Polícia Federal investiga o crime de invasão dos celulares e desconfia que os criadores do aplicativo Telegram, que são muçulmanos, tenham facilitado o acesso dos hackers por motivação ideológica.
Os irmãos russos Nikolai e Pavel Durov, proprietários do Telegram, teriam interesse em desestabilizar o governo do presidente Jair Bolsonaro (PSL), admirador de Israel e descrito pelo primeiro-ministro Benjamin Netanyahu como um “amigo”.
“Agentes da PF colheram informações que os levam a crer que os Durov, atualmente abrigados em Dubai, podem ter agido com motivações puramente ideológicas. Adeptos do islã, eles teriam ficado enfurecidos com a proverbial predileção do presidente Jair Bolsonaro por Israel em detrimento aos árabes […] Desmoralizar o juiz e a Lava Jato significaria enfraquecer o bolsonarismo e trazer a esquerda lulista de volta ao jogo”, resumiu a revista IstoÉ sobre a investigação.