A “motociata” com participação do presidente Jair Bolsonaro em São Paulo, amanhã, 12 de junho, foi confirmada pelo Gabinete de Segurança Institucional (GSI). O evento, chamado “Acelera para Cristo” vai atravessar a cidade de norte a sul, literalmente.
O trajeto do evento prevê a concentração dos participantes na avenida Olavo Fontoura, em Santana (zona norte) e saída às 10h00, após uma oração. As motos, e provavelmente carros também, sairão em direção às vias marginais Tietê e Pinheiros, usando a avenida dos Bandeirantes para chegar ao Obelisco do Ibirapuera (zona sul).
“Será uma espécie de ‘Marcha para Jesus motorizada’. Será o primeiro ato pró-Bolsonaro desde manifestação que seus opositores fizeram duas semanas atrás em 21 capitais. O Gabinete de Segurança Institucional, responsável pela segurança do presidente, já enviou uma equipe à capital paulista para checar os trajetos com os organizadores e prefeitura”, informou o jornalista Lauro Jardim, em sua coluna no jornal O Globo.
Os integrantes do GSI, responsáveis pela segurança do presidente, já repassaram o trajeto e estabeleceram os cuidados necessários. “Assim como ocorreu no Rio de Janeiro, no final do percurso um trio elétrico estará esperando por Bolsonaro, que discursará já no meio da tarde”, acrescentou Jardim.
Rusga
João Doria (PSDB), governador que se valeu do termo “bolsodoria” para vencer as eleições estaduais no segundo turno em 2018, se estabeleceu como um dos principais adversários políticos do presidente, que também não esconde seu desprezo pelo mandatário paulista.
Por conta disso, “há o temor de que as autoridades locais possam não ser tão colaborativas [com a motociata] quanto foram no Rio de Janeiro o governador Cláudio Castro e o prefeito Eduardo Paes”, de acordo com o que foi apurado por Lauro Jardim.
“O próprio Bolsonaro já disse a mais de um interlocutor temer que João Doria queira colocar empecilhos ao ato. Bolsonaro convidou para acompanhá-lo o ministro Tarcísio de Freitas, a quem deseja como o seu candidato ao governo de São Paulo em 2022. Luiz Eduardo Ramos, outro ministro que participou da ‘motociata’ carioca, há três semanas, não irá”, finalizou o jornalista.
O prefeito paulistano, Ricardo Nunes (MDB-SP), é católico e conservador, e recentemente nomeou como secretário executivo de mudanças climáticas um antigo colaborador de Bolsonaro, o advogado Antonio Fernando Pinheiro Pedro, que foi um dos autores do plano ambiental de governo do presidente e atuou no gabinete de transição do mandato de Michel Temer (MDB).
Essa escolha pode indicar uma tentativa de aproximação de Nunes ao grupo de apoio do presidente, já que o próprio prefeito se posiciona de forma enfática contra a ideologia de gênero, mesma bandeira defendida por Bolsonaro em seu governo na área da educação.
Pelo lado técnico, Pinheiro Pedro preenche requisitos: conforme informações do jornal Valor Econômico, ele é consultor ambiental há 35 anos.