Uma suposta influência da Igreja Universal do Reino de Deus na eleição da Comissão de Ética dos Conselhos Tutelares do Rio de Janeiro (RJ) está sendo investigada pelo Ministério Público do estado (MPRJ).
Os promotores receberam denúncias de que a votação teria sido fraudada com o objetivo de ampliar o domínio da Igreja Universal no Conselho Tutelar, que tem integrantes evangélicos. O órgão é responsável por combater casos de desrespeito aos direitos de crianças e adolescentes na capital fluminense.
A Coordenadoria de Apoio aos Conselhos Tutelares foi criada pela prefeitura do Rio de Janeiro em fevereiro deste ano, com um membro da Igreja Universal do Reino de Deus no comando: Ahlefeld Marynoni Fernandes, um ex-conselheiro tutelar afastado da função por suspeita de corrupção.
De acordo com informações do portal G1, Fernandes foi impedido de disputar o cargo no Conselho Tutelar por recomendação do Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente (CMDCA), mas voltou a atuar junto aos conselheiros por ter sido nomeado para dirigir o órgão criado pela prefeitura.
A TV Globo informou que Fernandes é integrante do grupo ‘Guardiões do Crivella’, que supostamente teria sido arquitetado pelo prefeito Marcelo Crivella para que funcionários fizessem plantão na porta dos hospitais e unidades de saúde para atrapalhar as reportagens da emissora, impedindo que denúncias fossem feitas.
O MP agora investiga se a eleição para a Comissão de Ética dos Conselhos Tutelares, realizada em janeiro de 2020 com cinco evangélicos sendo eleitos, foi fraudada. Conselheiros que não integram a Igreja Universal acusam os conselheiros eleitos de perseguição e desvirtuamento da função do órgão.
“O projeto de poder deles é ideológico, mas também é eleitoreiro. E a tomada da Comissão de Ética é o mecanismo que eles têm para poder eliminar e afastar os adversários, ou quem pensa diferente”, acusou um conselheiro tutelar que teve sua identidade mantida sob sigilo.