Um professor universitário vem promovendo a ideia de que Jesus se identificava como “não binário”, uma das terminações da ideologia de gênero para pessoas que não se identificam com o sexo biológico com o qual nasceram.
Mark Wallace, professor de religião da Swarthmore College e autor do livro When God was a Bird (“Quando Deus era pássaro”, em tradução livre), vem promovendo um curso batizado de “Radical Jesus”, com base em seu próprio livro, e afirmando que Jesus Cristo era “não binário”, ou seja, alguém que não se identificava apenas como masculino e heterossexual.
A faculdade informou que o curso ministrado por Mark Wallace inclui “sessões sobre Jesus como um animista, ao lado de exames de Jesus como um revolucionário político e não binário no sentido de gênero”.
De acordo com informações do portal Campus Reform, Wallace escreveu em seu livro que acredita que “toda a criação e seus muitos habitantes são Deus em uma variedade de formas e disfarces”.
“[No curso] você verá uma rica ética ambiental, não uma religião sobre um Deus que é distante, abstrato e invisível, lá no céu em algum lugar […] É uma forma de repensar o cristianismo como forma de vida, consistente com as culturas e espiritualidades dos povos indígenas”, acrescenta o autor, expondo o sincretismo que o influenciou.
Convidado a esclarecer suas afirmações, o professor disse que acredita que “gênero é fluido ou socialmente construído” e que se dedica a fazer com que os alunos “aprendam a se identificar com os outros de acordo com os pronomes preferidos”, porque isso “mostra respeito pelos outros, assim como a vontade de experimentar com linguagem não-conforme de gênero para termos como ‘Deus’ ou ‘o sagrado’”.
As heresias do professor vão além: ele cita Marcos 5: 25-34 (que fala a respeito da mulher com fluxo de sangue que rastejou até Jesus, tocou em Suas vestes e mais tarde foi curada) como sendo um relato sobre o poder que fluía de Jesus como um “fluxo interno” reagindo ao toque da mulher.
“Jesus é feminino porque ele flui ou vaza”, Wallace disse. “Podemos dizer, então, que Jesus é inconformado em relação ao gênero, tem o dobro do gênero ou não é tradicionalmente masculino nessas e em outras passagens”, teorizou.
Heresias
O professor Darrel Bock, titular da matéria de Pesquisa de Estudos do Novo Testamento do Dallas Theological Seminary, foi convidado a avaliar as declarações do professor, e declarou que a percepção de Wallace é completamente equivocada.
“Este ato não a tornou uma não-mulher, mas uma mulher funcional. Uma leitura errada do significado cultural do que aconteceu. Ela agora poderia reingressar na sociedade como uma mulher e não ficar isolada por ser impura”, disse Bock, destacando que embora concorde com o Wallace que “o que ‘fluía’ era o seu poder”, o “fluir” do texto “não tinha nada a ver com Seu gênero, mas com Seu acesso ao poder de Deus”.
Wallace ainda defendeu sua teoria não-binária mencionando o texto de Mateus 19:12, onde Jesus cumprimenta os homens que se tornaram eunucos.
Sobre isso, Bock disse: “Por favor, entenda a figura de linguagem aqui. Não é se fazer literalmente um eunuco, mas aceitar o celibato como forma de se dedicar ao reino”. O teólogo também acrescentou que Jesus não“ neutralizou a identidade sexual, mas afirmou as pessoas, homens e mulheres”.
“[Mark Wallace está] desconsiderando o contexto original para as preocupações modernas, especificamente, o gênero não binário”, resumiu Bock, mencionando que “os tempos greco-romanos não negavam a verdade sobre o gênero criado”.