A pré-candidata à Presidência da República, Marina Silva (REDE), concedeu uma entrevista ao portal Metrópoles no último dia 5 desse mês, onde falou da sua visão política e de questões sensíveis para a sociedade, como reivindicações da comunidade LGBT e sua relação com o conceito de “Estado laico”.
Marina Silva também ressaltou que já sentiu preconceito por conta da sua fé, após se tornar evangélica, mas que isso é fruto de “generalizações”.
“Ao longo da minha vida, tive que enfrentar muitas dificuldades, mas nunca percebi, desde que eu comecei a ocupar os espaços públicos, atitudes de preconceito contra a minha pessoa”, disse ela.
“Diria que, depois que me converti à fé cristã evangélica, é que esse preconceito às vezes é mais visível. Há uma tendência das pessoas fazerem generalizações”, acrescenta.
Marina fez questão de enfatizar que apesar de cristã, sua fé não irá interferir em seu Governo, caso seja eleita Presidente da República. Isso, porque, ao que parece ela entende o conceito de Estado laico como algo onde o governante precisa agir com neutralidade em relação aos próprios valores.
O contrário disso, para Marina Silva, seria uma tentativa de transformar o Estado em um regime “teocrático”:
“A fé cristã evangélica deu uma grande contribuição ao mundo a partir da Reforma, ao estabelecer o conceito de Estado laico… Portanto, se tem algum evangélico que deseja em transformar o Brasil em Estado teocrático não conhece a história”, disse ela.
Foi com base nessa linha de raciocínio que a ex-senadora respondeu sobre as pautas da comunidade LGBTQ, dizendo que “todas as pessoas são cidadãos portadores de direitos iguais” e que “ninguém vai impor a religião pela lei”.
“Quem vai governar, vai governar para todos. Agora, as pessoas têm o direito de expressar suas opiniões, sem preconceito e violência. Mas ninguém pode impor a quem crê ter que abrir mão das suas convicções”, destaca.
Marina Silva e a polêmica dos plebiscitos
A concepção de Marina Silva sobre o conceito de Estado laico lhe rendeu várias críticas, especialmente por ela ter dito que iria defender a criação de plebiscitos para discutir a legalização do aborto e descriminalização da maconha, apesar de pessoalmente se declarar contrária.
“O aborto envolve questões de natureza ética, de saúde pública e religiosa. Defendo para esse tema, assim como para a descriminalização da maconha, que se faça um plebiscito. Esse é o caminho de ampliar o debate”, disse ela em outra entrevista.
Quem reagiu imediatamente às declarações da ex-petista, foi o pastor Silas Malafaia, em um vídeo publicado por ele onde afirma que “Marina Silva envergonha os cristãos“:
“Você já viu um muçulmano negar suas crenças e valores? Não. Você já viu um marxista negar suas crenças e valores? Não. Agora vem Marina com essa falácia de plebiscito para o povo decidir sobre aborto e liberação das drogas. Pior do que um ímpio é um cristão dissimulado”, disse o pastor.
Outra pessoa que também se manifestou foi a psicóloga cristã Marisa Lobo, pré-candidata ao cargo de deputada federal pelo Paraná esse ano. Em um artigo publicado recentemente, a psicóloga que é coordenadora nacional do movimento “Maconha Não”, fez críticas indiretas à Marina:
“Como cristãos devemos observar que até a Bíblia nos orienta sobre a necessidade de posturas firmes: “Seja, porém, o vosso falar: Sim, sim; Não, não; porque o que passa disto é de procedência maligna”, escreveu ela.
“Se como cristãos formos eleitos representantes do povo, isto significa que esse povo nos elegeu democraticamente para que possamos representar exatamente esses valores. Da mesma forma acontece com outros, sejam ateus, agnósticos, umbandistas, kardecistas e etc. Isso é representatividade democrática”, conclui Marisa.
Assista a entrevista completa com Marina Silva abaixo: