A situação no Iraque para os cristãos é cada vez mais difícil, confessou no Sínodo dos Bispos esta terça-feira o cardeal Emmanuel III Delly, patriarca da Babilônia dos Caldeus.
O chefe do Sínodo da Igreja caldéia apresentou-se à assembléia sinodal sobre a Palavra de Deus como “um filho da terra de Abraão, o Iraque”. O patriarca ofereceu informações sobre a situação em seu país, “torturado e ensanguentado”, em resposta aos pedidos que nesses dias os padres sinodais lhe apresentaram.
“Minha intervenção não será uma leitura política, mas o breve ‘flashback’ de um padre que há meio século vive com seus filhos espirituais e que vê como sofrem e morrem seus compatriotas”, afirmou. “A situação em algumas partes do Iraque é desastrosa e trágica. A vida é um calvário: falta paz, segurança e o mais básico para a vida diária”, denunciou. “Falta eletricidade, água, gasolina; a comunicação por telefone é cada vez mais difícil, estradas inteiras estão bloqueadas, as escolas estão fechadas ou sempre apresentam perigos, os hospitais não contam com equipes suficientes, as pessoas têm medo”.
O purpurado revelou que “todos têm medo de ser sequestrados. Que se pode dizer dos sequestros injustificáveis que acontecem diariamente, ferindo famílias inteiras e privando-as com frequência de seus entes queridos, apesar de terem desembolsado dezenas de milhares de dólares por uma libertação que nunca se realizou?”. “Para não falar do número cada vez maior de mortos causados por carros-bomba ou por kamikazes que transportam explosivos”. “Viver a Palavra de Deus significa para nós testemunhá-la inclusive à custa da própria vida, como sucedeu e sucede até agora com o sacrifício dos bispos, sacerdotes e fiéis. Seguem permanecendo no Iraque, firmes na fé e no amor a Cristo, graças ao fogo da Palavra de Deus”, reconheceu.
“Por isso, peço que orem por nós e conosco ao Senhor Jesus, Verbo de Deus, e que compartilhem nossa preocupação, nossas esperanças e a dor de nossas feridas, para que a Palavra de Deus feita carne permaneça em sua Igreja junto a nós, como bom anúncio e como apoio”. “Dezesseis sacerdotes nossos e dois bispos foram sequestrados e libertados após um resgate muito elevado”. “Alguns deles –concluiu– pertencem ao grupo de novos mártires que hoje rezam por nós no céu: o arcebispo de Mosul, Faraj Rahho, o padre Raghid Ganni, outros dois sacerdotes, e outros seis jovens”.
Fonte: Zenit