O crescimento dos evangélicos no Brasil continua intenso e agora, segundo levantamento realizado em todo o país pelo instituto Datafolha, o número chega a 29%, sete pontos percentuais a mais do que o Censo 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) registrou.
A pesquisa revelada no último final de semana mostra que entre outubro de 2014 e dezembro deste ano, o número de católicos foi reduzido em pelo menos 9 milhões de fiéis, ou 6% dos brasileiros com idade maior que 16 anos.
O levantamento do instituto realizado há dois anos mostrava que 60% da população brasileira era católica – 5% a menos que o registrado pelo IBGE em 2010 -, hoje, porém, os seguidores da igreja romana somam 50% do total.
Nos últimos dois anos, o número de pessoas que dizem não seguir nenhuma religião passou de 6% para 14%. No entanto, o professor de sociologia Reginaldo Prandi, docente da Universidade de São Paulo, afirma que isso não significa que todos esses se tornaram ateus.
“Pode não ter religião hoje e ter amanhã. Ficou muito ao sabor da época da vida, dos compromissos que se quer assumir. A religião deixou de ser condição obrigatória para ser bom cidadão. Socialmente, a religião não tem mais papel nenhum”, teoriza o sociólogo em entrevista concedida ao jornal Folha de S. Paulo.
A matéria repercutiu dados do Centro Global de Estudos da Cristandade, que mostram que ao redor do mundo, os católicos crescem a taxas maiores que a população com um todo, mas em quantidades menores que os evangélicos, num movimento oposto aos dos não-religiosos, que crescem a taxas menores do que o número de pessoas que nascem a cada ano.
“O ritmo de crescimento da população total é 1,21% ao ano, o de católicos, 1,28%, o de evangélicos, 2,12% e o de pentecostais, 2,20%. As religiões independentes se expandem a taxas de 2,21% (chegando a 2,94% na Ásia). Já os sem-religião crescem 0,31% por ano, os agnósticos, 0,36%, e os ateus, 0,05%”, informa a Folha.
Por aqui, a redução percentual de católicos não é exatamente correspondente ao crescimento dos evangélicos, mas de acordo com informações do Pew Research, que se dedica a estudar os fenômenos sociais ligados à religião, metade dos brasileiros protestantes têm origem na Igreja Católica, onde foram criados.
Mesmo com todo o crescimento dos evangélicos, na Região Sudeste do Brasil houve redução no total de pessoas que se dizem ligados a igrejas dessa tradição cristã. Em agosto de 2006, nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Espírito Santo, os evangélicos somavam 51% da população, e hoje, são 43%, um recuo de oito pontos percentuais.