Uma família inteira está vivendo dias de tensão e incertezas depois que uma adolescente envolvida com ocultismo esfaqueou, com ajuda do namorado, a mãe, o irmão e o padrasto, enquanto eles dormiam.
A delegada responsável por investigar a tripla tentativa de homicídio alertou sobre a necessidade dos pais acompanharem as atividades dos filhos na internet.
A adolescente de 13 anos de idade contou com ajuda do namorado, de 15, para esfaquear seus familiares. O primeiro a ser atacado foi o irmão, e depois a mãe e o padrasto. O caso foi registrado na cidade de Itapoá (SC).
A família foi socorrida e internada no hospital para exames. O irmão da adolescente foi submetido a uma cirurgia, mas não corre risco de morte, assim como a mãe e o padrasto. A Polícia foi acionada e deteve a menina e seu namorado, a pedido do Ministério Público.
Ocultismo
A mãe da adolescente, 38 anos, relatou ao portal ND Mais que despertou com os gritos do filho mais velho, de 18 anos: “Acordei com os gritos dele, abri a porta e vi os dois em cima do meu filho, esfaqueando ele. Ele falava: ‘Sou, eu, sou eu’, como quem diz: ‘Sou teu irmão’, sem saber o que estava acontecendo. Ela que deu a primeira facada no irmão e depois os dois foram juntos para cima dele”.
Quando ela interveio, a adolescente passou a ataca-la. O padrasto, então, levantou e foi ver de que se tratava a confusão, quando foi atacado pelo namorado da menina. Ele conseguiu imobilizar o rapaz depois de ser ferido no tórax, abdômen e cotovelo, e em seguida ajudou a esposa, que tinha sofrido diversos cortes pelo corpo.
O irmão da adolescente foi quem teve ferimentos mais sérios, com cortes no pescoço e tórax, além de fraturas no ombro.
Segundo a mãe, a menina mudou de comportamento quando ela se divorciou do pai, e a família decidiu oferecer ajuda psicológica. Simultaneamente, a adolescente começou a aparecer com livros, desenhos e objetos ligados ao ocultismo. “Ela estava tendo crise de ansiedade e se envolveu com coisas erradas pela fraqueza que ela estava. Com a epidemia, tudo fechou e ela foi se fechando e começou a mexer com coisa errada, coisa do mal”, afirmou.
O envolvimento do namorado, segundo a mãe, foi induzido pela própria filha: “Ela falava que abandonamos ela. Mas eu não sabia. Ela não falava. Eu fui saber agora […] Ele estava apaixonado. Era bonitinho de ver os dois. Eram muito educados e ele era muito carinhoso”.
Vigilância
“Os pais precisam ficar muito atentos ao que os filhos pesquisam na internet, aos filmes que veem e aos livros que leem para entender como está a psique desses adolescentes, o desenvolvimento emocional, porque é uma etapa muito delicada na vida”, disse a delegada Milena de Fátima Rosa, responsável por investigar o crime. O Ministério Público solicitou que o caso seja tratado em sigilo.
A internação provisória pode ser estendida por até 45 dias, conforme previsto pelo Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), mas assim que o inquérito for concluído, será enviado ao Poder Judiciário, que poderá determinar uma pena privativa de liberdade de até três anos.
Durante o depoimento, os dois adolescentes se negaram a falar sobre o caso: “É uma família de classe média, estruturada. Os familiares trabalham em ocupações lícitas. Não detectamos nada de ilícito no local. Isso até dificulta a busca por uma possível motivação para esse ato infracional”, comentou Rosa.
Enquanto isso, a mãe não pretende abandonar a filha, e quer oportunidade de entender o que a levou a essa atitude: “Quando eu fui na delegacia, a primeira coisa que fiz foi ver ela. Abracei, falei que a amava e que ela sempre seria o meu bebê. Isso não vai mudar. Para uma mãe, é difícil mudar […] A ficha ainda não caiu. Eu estou meio em choque ainda, porque nunca se espera isso de um filho”.