A perseguição religiosa não faz concessões no que se refere a idade. Essa é mais uma triste lição aprendida do caso do adolescente cristão paquistanês que foi espancado até a morte por colegas da escola onde estudava.
“Ele era odiado por causa de sua fé”, disse a mãe do adolescente Sharoon Masih, que tinha 17 anos e estudava o último ano do Ensino Médio e foi agredido até a morte por colegas dentro da sala de aula.
O vice-superintendente da Polícia local, Javed Tahir Majeed, comanda as investigações do crime e concedeu uma entrevista à Missão Portas Abertas para relatar o que se sabe até o momento em relação ao crime.
Uma das testemunhas oculares do espancamento, Sabir Ali, contou que Sharoon Masih estava sentado no fundo da sala, e ao se levantar para sair, foi impedido por Raza Ahmed, dizendo que ele não poderia sair, em um gesto típico de provocação.
Sabir ali acrescentou que Sharoon Masih tentou transpor o obstáculo que Raza Ahmed havia feito com as pernas, mas nesse momento ele começou a ser agredido. No depoimento à Polícia, o estudante alegou que tentou intervir, mas também recebeu socos, e desistiu.
“Raza negou que tenha tocado Sharoon, mas a classe inteira testemunhou que ele bateu até Sharoon cair no chão e continuou a chutá-lo até deixá-lo inconsciente. Raza é alto e forte e tem a reputação de brigar também fora da escola”, relatou o investigador Majeed.
“É bem plausível que um golpe na barriga cause a morte”, afirmou Majeed, afirmando que a morte do estudante cristão não tenha sido causada por um espancamento severo, já que a autópsia diz que “nenhum sinal de trauma físico foi encontrado no corpo”.
Exames toxicológicos de órgãos da vítima foram solicitados para ajudar a compreender o que pode ter desencadeado sua morte.
No entanto, a imprensa local aponta uma negligência por parte da direção da escola, que poderia ter contribuído para a morte de Sharoon Masih, já que a mãe da vítima diz que o agressor, Raza Ahmed, era um perseguidor conhecido de seu filho, e que havia proibido o jovem de beber água na escola dias antes.
Os cristãos que vivem no Paquistão são tratados geralmente com desprezo porque muitos têm origem social de uma “casta” considerada inferior, chamada de “intocáveis”. Dessa forma, muçulmanos se recusam a comer e beber com essas pessoas.
O pai de Sharoon, Ilyasab Masih, contou que no primeiro dia na escola, o professor não havia deixado seu filho assistir à aula porque ele estava sem o uniforme e até o agrediu na frente da classe. Em outras ocasiões, o adolescente cristão queixava-se de ir àquela escola porque os colegas de classe o odiavam por crer em Jesus Cristo.
Ilyasab havia acalmado o filho, afirmando que iria à escola conversar com os responsáveis, mas não teve oportunidade. No dia seguinte a essa conversa, Sharoon Masih faltou à aula para comprar o uniforme, e na primeira ocasião em que pôde ir à aula uniformizado, foi morto.