Jorge Mario Bergoglio, chamado pelos católicos de Papa Francisco, chamou atenção da imprensa ao tecer alguns comentários de cunho político esta semana, onde fez críticas à “ultradireita” e citou uma passagem bíblica para insinuar que a Bíblia, em tese, endossa o comunismo.
As declarações foram dadas ao jornalista Gustavo Sylvestre, da “TV argentina Canal 5 Notícias (C5N)”. O líder mundial da Igreja Católica Apostólica Romana previu que seria perguntado se é ou não um “comunista” por ter defendido a inocência do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
“Padre, você é comunista?”, previu o Papa, se prosseguiu: “Minha carta de identidade é Mateus 25. Leia Mateus 25 e veja se quem escreveu não era comunista. Tive fome e me deste de comer, tive sede e me deste de beber, estive nu e me vestisse. Essa é a regra de conduta. Comunista? Comunista!”
O Papa Francisco reproduz uma visão semelhante a dos teólogos da Teologia da Libertação, os quais interpretam a Bíblia a partir de uma leitura marxista do texto. Estes alegam que Jesus e a Igreja primitiva defendiam práticas compatíveis com o comunismo, como a partilha de bens.
Esses teólogos, contudo, ignoram o fato de que a ideologia comunista, além de esvaziada no tocante à fé em Deus, possui uma diferença radical em relação ao Evangelho de Cristo, pois trata-se de uma teoria política que exalta o poder do Estado como tutor dos trabalhadores, sendo a divisão de bens o produto de um controle estatal.
Nos evangelhos, por outro lado, a partilha é um convite à abdicação, sendo algo que deve partir da livre e espontânea vontade de quem deseja compartilhar algo em favor do próximo.
E, para que esse tipo de partilha descrita em Atos 2:45, por exemplo, pudesse ocorrer, antes era preciso ter, o que significa possuir o legítimo direito de trabalhar e conquistar seus próprios bens pelo “suor do teu rosto” (Gênesis 3:19).
Ultradireita
Além de fazer uma associação errônea de Mateus 25 com a ideologia totalitária comunista, responsável pela morte de pelo menos 100 milhões de pessoas no século XX, segundo dados divulgados pela Folha, o Papa Francisco também teceu críticas ao que classificou como “ultradireita”.
O pontífice disse que não existe “antídoto” para combater a ultradireita, mas sugeriu que em debates envolvendo representantes desse segmento, o tema “justiça social” fosse usado como uma arma contra eles.
Em outras palavras, o Papa Francisco insinuou que a direita política não se preocupa com assuntos relacionados à pobreza, desigualdade social e semelhantes. “Se você quiser discutir com um político ou com um pensador da ultradireita, fale sobre justiça social”, disse ele, segundo a Oeste.