Em um discurso firme, o papa Francisco reiterou que continuará levando à frente a reforma da Igreja Católica e cobrou dos membros da Cúria romana uma “moral impecável”.
A fala do pontífice, por ocasião da reunião de Natal da cúria, destacou que a Igreja deve seguir um modelo que tenha como padrão “evitar os escândalos que ferem as almas e ameaçam a credibilidade do testemunho”.
“A reforma continuará com determinação, lucidez e resolução porque a Igreja deve sempre ser reformada. Precisamos apostar na necessidade de advogar pela honestidade, a maturidade, a humildade, a sobriedade, a caridade e a verdade. A pessoa honesta não atua de forma correta somente diante do olhar do vigilante ou do superior. Não tem medo de ser surpreendido porque nunca engana”, observou o papa.
Fazendo referência às recentes revelações de novos escândalos, voltou a criticar o apego a bens materiais existente entre muitos dos sacerdotes católicos que ocupam altas posições no Vaticano.
O caso, revelado pela imprensa, mostrou que muitos cardeais do Vaticano vivem em apartamentos luxuosos, de mais de 200 m², no centro de Roma, sem pagar aluguel, o que levantou a suspeita de corrupção dentro da Santa Sé.
“A sobriedade é a capacidade de renunciar ao supérfluo e resistir à lógica consumista dominante. É prudência, simplicidade, essencialidade, equilíbrio e moderação. É de se lamentar que a Igreja siga adoecendo do mal do Alzheimer espiritual, a esquizofrenia intelectual ou o terrorismo das fofocas. Estes males voltaram a se manifestar neste ano, causando dor a todo o corpo e ferindo muitas almas. É preciso ser exemplar para evitar estes escândalos”, exortou, de acordo com informações de O Globo.
Esse novo alerta de Francisco também foi associado às denúncias de desvio de dinheiro que era destinado a projetos sociais dedicados a crianças, sob cuidados do cardeal Tarcísio Bertone, que foi secretário de Estado do papa Bento XVI.
Ao final, o papa lembrou dos que levam uma vida correta, e frisou: “Não poderia esquecer as palavras de reconhecimento pelos que trabalham por uma Igreja misericordiosa”, pois isso seria uma atitude parcial: “Seria uma grande injustiça não manifestar um profundo agradecimento e um necessário alento a todas as pessoas íntegras e honestas que trabalham com dedicação, devoção, fidelidade e profissionalismo, oferecendo à Igreja e ao sucessor de Pedro o consolo de sua solidariedade e obediência, assim também como sua generosa oração”, concluiu.