O papa Francisco afirmou, durante sua homilia na missa celebrada em Roma na última quarta-feira, 22 de maio, que até os ateus foram redimidos por Jesus na cruz.
De acordo com Francisco, “fazer o bem” é um princípio que promove uma “cultura de encontro” no apoio à paz.
Segundo informações do Huffington Post, Francisco usou um texto do Evangelho de Marcos para ilustrar a forma como os católicos tem enxergado a sociedade de forma segregada e exclusivista.
O papa Francisco disse que a postura dos discípulos de Jesus era de que apenas os seguidores do Mestre poderiam fazer o bem: “Eles reclamam: ‘Se ele não é um de nós, não pode fazer o bem. Se não é do nosso grupo, não pode fazer o bem’. E Jesus os corrige: ‘Não o proíbam, deixem-no fazer o bem’. Os discípulos eram um pouco intolerantes, ensimesmados na ideia de possuírem a verdade, convictos de que ‘aqueles que não têm a verdade não podem fazer o bem’. Isso estava errado… Jesus amplia o horizonte. A raiz da possibilidade de fazer o bem – que todos nós temos – é a criação”, pontuou o pontífice.
De acordo com o cardeal Jorge Mario Bergoglio, eleito recentemente ao pontificado, “o Senhor nos criou a sua imagem e semelhança, e todos somos imagem do Senhor, e ele faz o bem e nos deu a todos esse mandamento em nossos corações: façam o bem e não o mal. Todos”.
“‘Mas, padre, isso não é católico! Ele não pode fazer o bem’. Sim, ele pode. O Senhor redimiu a nós todos, a todos, pelo sangue de Cristo: todos nós, não apenas católicos. Todos! ‘Padre… os ateus também?’ Mesmo os ateus, todos! Devemos encontrar-nos fazendo o bem uns aos outros. ‘Mas eu sou um ateu, padre. Eu não acredito…’ Faça o bem: nos encontraremos lá”, pregou o papa, que tem formação sacerdotal de origem franciscana.
O padre James Martin, consultado pelo Huff Post, afirmou que a homilia do papa é um marco no discurso católico, marcado historicamente pelo exclusivismo: “O papa Francisco diz, mais claro que nunca, que Cristo se ofereceu como um sacrifício por todos. Essa sempre foi uma crença cristã. Você pode ver Paulo dizendo isso na primeira carta a Timóteo, ao afirmar que Jesus deu-se a si mesmo como uma ‘redenção por todos’. No entanto, raramente você ouve isso ser dito por católicos com tanta força, e com tão evidente alegria. E nessa época de controvérsias religiosas, é um lembrete oportuno que Deus não pode ser confinado a nossas estreitas categorias”.
Por Tiago Chagas, para o Gospel+