Um dos temas mais delicados da Igreja Católica, o celibato, pode ser um dos pontos de novos debates no Vaticano durante o pontificado de Francisco. Durante uma entrevista coletiva, o papa afirmou que está aberto à troca de ideias sobre o assunto.
No voo que o levava de Tel Aviv à Roma, Francisco destacou que a exigência do celibato não é um dogma de fé, embora ele a aprecie muito: “A Igreja Católica tem padres casados, católicos gregos, católicos coptas e no rito oriental. Não é um debate sobre um dogma, mas sobre uma regra de vida que eu aprecio muito e que é um dom para a Igreja. Por não ser um dogma da fé, a porta sempre está aberta [à discussão]”, afirmou.
Segundo informações da revista Veja, recentemente um grupo de 26 mulheres enviaram uma carta ao papa pedindo que ele repensasse o veto ao casamento para padres. Embora anônimas, elas revelaram viverem com padres, e pediram “com humildade que alguma coisa mude, não apenas por nós, mas também pelo bem de toda a Igreja”.
O celibato é tido como um tabu dentro da Igreja Católica, e as declarações de Francisco demonstram uma certa flexibilidade sobre o assunto, apesar de o próprio papa ressaltar que é um entusiasta da obrigação e ter pedido, no último mês de março, que os novos padres devem ser formados “para viver de verdade as exigências do celibato eclesiástico, assim como ter uma relação justa com os bens materiais”.
A abertura da possibilidade de debate sobre o tema começou em setembro de 2013, quando o monsenhor Pietro Parolin, considerado o número 2 no Vaticano, afirmou que o celibato “não é um dogma e é possível discuti-lo, já que é uma tradição da Igreja”.
Em 1997, o cardeal e teólogo Joseph Ratzinger – que em 2005 seria eleito papa Bento XVI – publicou um livro intitulado O Sal da Terra, e em um dos tópicos sobre o celibato, Ratzinger afirmou que “com certeza não é um dogma”.