Igrejas voltadas para um público mais urbano e jovem têm adotado uma decoração alternativa, com paredes pintadas de preto e mobílias incomuns a templos de congregações mais conservadoras na aparência. Como tudo que envolve a fé, esse é um tema que virou motivo de polêmica nas redes sociais.
O pastor Renato Vargens, que adota a linha teológica reformada e integra o movimento Coalizão pelo Evangelho, abordou o assunto em seu blog, pontuando que a Bíblia Sagrada não estipula regras para as paredes dos templos, e que a preocupação maior deve ser a fidelidade à Palavra de Deus.
“As Escrituras não nos trazem regras ou modelos de cor de parede, mesmo porque, a forma ou a decoração de um salão de reunião, bem como seus móveis e utensílios, está relacionado ao tempo e a cultura. Há 60 anos atrás, por exemplo, seria impossível encontrarmos igrejas com cadeiras, visto que naquela época, todas as comunidades cristãs tinham em seus espaços de culto, bancos. Contudo, hoje, a maioria das igrejas não usam bancos e sim cadeiras. A mesma coisa pode-se se dizer quanto as janelas, púlpitos e decoração, que eram bem diferentes do que vemos hoje”, resumiu.
Na sequência de seu artigo, o pastor afirmou que “quanto às paredes pretas eu sigo o mesmo padrão, até porque, entendo que isso se relaciona a cultura e subcultura de uma cidade”.
“Nos EUA por exemplo, uma grande parte das igrejas possui paredes pretas, incluindo as igrejas históricas e conservadoras que entendem que assim dialogam melhor com a cidade. Ademais, o fundo preto colabora com a melhora da qualidade de transmissão do culto pela internet”, ponderou.
Citando como exemplo sua congregação, a Igreja Cristã da Aliança, Vargens afirmou que “não possui paredes pretas” por uma opção da direção. “Mas, eu conheço igrejas sérias no Brasil, conservadoras na teologia e firmes na doutrina que usam em seus locais de reunião o preto em suas paredes o que não as desqualifica em nada. Na verdade, penso que isso não é um assunto fundamental e que não deveria gerar tanta polêmica”, acrescentou.
“Quer dizer então que já que a Bíblia não normatiza a cor de paredes eu posso pintar a igreja de qualquer cor? Então, antes de mudar as cores da parede da sua igreja acho que vale a pena responder as seguintes perguntas: a proposta da mudança da cor da parede motiva-se no fato de que o culto que você pretende ter é um culto que coloca o homem no centro em detrimento a Cristo e seu evangelho?”, provocou o pastor.
“A proposta da mudança de cor da parede se deve ao modismo gospel que nos últimos anos tem imprimido inclusive uma mudança na liturgia das reuniões? A proposta da mudança de cor da parede é desejo de se tornar uma igreja fashion e politicamente correta? A proposta da mudança de cor da parede além de dialogar com a cidade visa a glória de Deus? Pois é, as respostas a essas perguntas poderão lhe dizer muita coisa quanto as suas motivações”, finalizou.