O novo julgamento da parlamentar cristã da Finlândia que usou versículos bíblicos para pregar que a homossexualidade é um pecado foi realizado, mas a sentença ainda não foi divulgada.
Em abril do ano passado Päivi Räsänen já havia sido absolvida, mas os promotores recorreram da decisão. O veredito do segundo julgamento dela e do bispo luterano Juhana Pohjola no Tribunal de Recurso de Helsinque deverá ser anunciado pelos magistrados até 30 de novembro.
O tenso julgamento durou 2 dias, com discussões sobre a acusação de discurso de ódio por conta de três ocasiões em que Päivi Räsänen mencionou as Escrituras para afirmar que a homossexualidade é uma prática que Deus reprova: a primeira ocorreu em 2004, quando ela escreveu um livreto sobre o tema, intitulado Homem e Mulher, Ele os Criou.
As outras duas ocasiões foram uma publicação no X, antigo Twitter, e durante uma entrevista a uma emissora de rádio, em 2019.
O bispo Juhana Pohjola foi acusado de discurso de ódio por publicar o livro de Räsänen em 2004. No tribunal, ele afirmou que “condenar atos pecaminosos não significa questionar o valor e a dignidade de uma pessoa”.
“São coisas completamente diferentes. O promotor está propagando um entendimento que vai totalmente contra o entendimento cristão. Condenar o pecado não põe em causa a dignidade da pessoa. A própria ideia da liberdade religiosa é que você é livre para ensinar a mensagem cristã, mesmo que alguém a ache ofensiva, mas então você pode exercer o seu direito de não ouvir”, acrescentou o bispo.
Liberdade em jogo
De acordo com informações do portal Evangelical Focus, Räsänen disse estar “esperançosa de que todas essas acusações sejam absolvidas” da mesma forma como foram em 2022.
“É um veredito muito importante para a liberdade de expressão e de religião e para a Finlândia, e também tem consequências em toda a Europa, tenho esperança de um bom resultado”, acrescentou a parlamentar.
Na visão dos promotores que a acusam, a interpretação que a parlamentar cristã faz do assunto “é criminosa”, dizendo que qualquer pessoa “pode citar a Bíblia”, desde que não chegue às mesmas conclusões de que a homossexualidade é pecado.
“Se você juntar todas as declarações, fica claro que elas são depreciativas para com os homossexuais. Condenar os atos homossexuais condena os homossexuais como seres humanos”, disse um dos promotores.
Em resposta, o advogado de Räsänen, Matti Sankamo, respondeu que sua cliente “nunca disse que os homossexuais são inferiores aos heterossexuais” e que a versão dos promotores é fantasiosa: “Isso vai na direção da mentira. Ela não disse nada disso”.
Segundo Paul Coleman, diretor da organização Alliance Defending Freedom (ADF) – que tem prestado assessoria à defesa de Räsänen – as acusações dos promotores são “uma afirmação vazia”, porque “durante todo o processo, os promotores se envolveram em discussões sobre Deus, a Bíblia e o pecado”.
“Sistematicamente, eles rejeitaram que o ser de uma pessoa possa diferir de suas ações. É claro que há muita teologia e antropologia por trás disso”, declarou Coleman.