A atual crise política e econômica que o país atravessa é um sintoma de um “país em formação”, segundo o pastor Luiz Sayão, e que o papel do cristão na atuação política é essencial, embora a Igreja deva se abster de envolvimento.
Sayão, 53 anos, é escritor, linguista e hebraísta, dirigente da Igreja Batista Nações Unidas e participou recentemente da 96ª Assembleia da Convenção Batista Brasileira.
Para o pastor, esse momento em que muitos escândalos de corrupção vêm sendo passados a limpo deve ser encarado como uma oportunidade: “A gente nunca deve ver esse cenário como negativo — existem cenários muito piores do que o nosso pelo mundo — mas como uma oportunidade de aprender”, afirmou, em entrevista ao portal Guia-me.
“Eu acho que essa crise está sendo importante para o brasileiro deixar de ser um pouquinho alienado e priorizar elementos que são periféricos para se pensar adequadamente em quem nós somos e quem queremos ser”, opinou.
Sobre a Igreja, o sacerdote destaca que a instituição deva se abster do envolvimento na política, cenário exatamente oposto do que se tem visto em denominações pentecostais e neopentecostais: “A igreja, como instituição, tem um foco: a missão de anunciar o Evangelho e trazer esse Evangelho para o homem sem Cristo”, frisou, acrescentando que a Igreja deve se envolver em outros tipos de programas que tragam benefícios para a sociedade.
Em contraponto, os cristãos, individualmente, devem se envolver nas questões políticas exercendo sua cidadania, opinou o pastor: “Os indivíduos cristãos que fazem parte da igreja não só têm o dever, mas a responsabilidade de se envolver politicamente para fazerem diferença no meio onde estão, assim como Daniel fez quando estava na Babilônia”.
Por fim, Sayão vê uma possibilidade promissora de futuro para o papel que a Igreja tem a desempenhar com o país: “Tendo essa distinção, eu creio que a gente vá caminhar em uma direção saudável, sem confundir as coisas, sem praticar a promiscuidade de vender a igreja para interesses políticos e sem trabalhar na direção de uma omissão e um distanciamento onde as coisas estão ruins e a gente não faz absolutamente nada”, concluiu.