O bispo Edir Macedo publicou o testemunho de um fiel da Igreja Universal do Reino de Deus que teria aderido à homossexualidade por influência de espíritos malignos cultuados em “casas de encosto”, numa referência aos templos de religiões afro-brasileiras.
O relato de Davi dos Santos Nascimento publicado no blog de Macedo afirma que a atração por homens começou na infância: “Ainda recém-nascido, fui apresentado pela minha avó a uma entidade conhecida como ‘Maria Padilha’. Com apenas 13 anos comecei a sentir uma forte atração por homens, principalmente, mais velhos que eu. […] decidi fugir de casa com um rapaz de 23 anos. Comecei a ter relações com ele e a me envolver sentimentalmente, acreditando na promessa dele de fugirmos e sermos felizes juntos”, narra Nascimento.
A opção pela homossexualidade teria levado Nascimento, ainda criança, a ver sua relação com seu pai deteriorada: “[Ele] ameaçou me matar se eu continuasse nessa prática. Isso ajudou ainda mais a me enveredar nesse novo mundo, pois, a partir daí, comecei a ter relações sexuais com traficantes e a usar maconha e cocaína frequentemente”.
Enquanto isso, Nascimento diz que suas irmãs o evangelizavam, mas ele “não aceitava e ainda brigava com elas”. Nesse tumulto, decidiu que iria se “entregar aos encostos”: “Fiquei por um período recluso, trancado num quarto sujo, fedido, bebendo uma água imunda e sofrendo vários cortes pelo corpo, que também foi todo raspado. Fiquei tanto tempo distante, que meus irmãos e familiares me procuraram em todos os lugares possíveis, inclusive, em todas as casas de encosto da região, e mesmo assim não tiveram nenhuma informação”, conta.
A ação espiritual de tais entidades, a quem Nascimento atribui sua opção pela homossexualidade, agora seria também o motivador de sua decisão de adotar uma nova identidade: “Quando saí desse quarto, eu já tinha minha cabeça feita para o encosto e estava decidido a me tornar uma ‘drag queen’ (transformista), assumindo assim a identidade de ‘Safira Sacarolly’. Aproveitei a primeira oportunidade logo no carnaval, e isso me motivou a me entregar para a prostituição”, relembra.
Classificando a prostituição como “uma dependência”, Nascimento revela que a venda de sexo “deixou de ser uma fonte de renda para ser um círculo vicioso, tanto, que eu me relacionava até com os sacizeiros (usuários de crack) pelas ruas”.
Nessa situação, ele afirma ter continuado a recorrer aos espíritos malignos: “O vício era tão grande que, se um homem não aceitasse se deitar comigo, eu fazia um trabalho junto aos encostos para tê-lo para mim. Não importava quem era; o meu desejo era tão somente me satisfazer. Vício por sexo, drogas, solidão, tristeza, amargura, mágoa… Havia tantas coisas sobre mim que já não aguentava mais carregar aquele peso constante em minha vida”, lamenta.
Em seu testemunho, Nascimento diz que via seus irmãos “felizes, frequentando a igreja”, ao mesmo tempo em que sua vida “estava completamente destruída”: “Enquanto isso, minha mãe fazia constantemente propósitos de fé para que eu me libertasse desse submundo”, e que em dado momento, “depois de quase morrer nas mãos de um traficante”, tinha chegado à conclusão que era preciso mudar.
“Voltei para casa, comecei a ir à igreja e, para ter certeza do que queria, aceitei o convite de frequentar as conexões FJU [Força Jovem Universal]. Ali aprendi o que fazer para encontrar um verdadeiro sentido para a vida. Abandonei a prostituição, os vícios, as más amizades e a mágoa. Reconciliei-me com o meu pai. Fui batizado nas águas, e em uma vigília do Força Jovem Universal, tive o meu encontro com Deus e recebi o Espírito Santo. Hoje já não sou mais a ‘drag Safira Sacarolly’. Sou um homem de Deus, Davi dos Santos Nascimento, cujo prazer é servir ao meu senhor”, conclui.