O ano de 2022 promete ser o palco de uma das disputas eleitorais mais polêmicas da história brasileira, e no centro disso está um segmento religioso que poderá decidir o futuro da nação: os evangélicos.
Cientes disso, lideranças dos dois principais polos desse embate, como o pastor da Assembleia de Deus em Foz do Iguaçu (PR), Paulo Marcelo Schallenberger, resolveram entrar em cena.
Bem diferente do pastor Silas Malafaia, líder da Assembleia de Deus Vitória em Cristo e ferrenho defensor do atual presidente da República, Jair Bolsonaro, Paulo Marcelo é um apoiador do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, já tendo sido escolhido pelo próprio petista para fazer ponte entre ele e os evangélicos.
Durante uma entrevista para o Correio Braziliense, Paulo Marcelo argumentou que a igreja evangélica no Brasil teria sido manipulada nos últimos anos, a fim de apoiar o atual presidente Jair Bolsonaro.
“O povo da igreja nunca foi manipulado da forma que foi. Antes, era apenas orientado à urna”, afirmou. “Se antes política era do diabo, agora é: ‘Se não tivermos um representante, nós seremos governados pelo diabo’. A igreja começou a querer esse poder para si e, daí, nasceu o bolsonarismo”.
Paulo Marcelo também se mostrou contente com a possiblidade do ex-governador paulista Geraldo Alckmin compor a chapa da esquerda, sendo o candidato a vice-presidente em um eventual governo Lula. Isso, porque, ele enxerga o ex-tucano como uma peça crucial na disputa junto aos evangélicos.
“Como cristão, Alckmin é muito importante, e mais: eu sou de São Paulo, e ele, além de ter sido governador por quatro mandatos, tem uma abertura com as igrejas evangélicas incrível”, argumentou.
“Inclusive, se encontrou com o bispo Samuel Ferreira, da Assembleia de Deus do Ministério de Madureira, há poucos dias. Ele está se alinhando para conversar com as lideranças evangélicas do estado de São Paulo”, destacou Paulo Marcelo.
Igreja virou “milícia digital”
Ainda na mesma entrevista, o pastor Paulo Marcelo também fez uma associação das igrejas que apoiam o presidente Jair Bolsonaro à narrativa do discurso de ódio e da manipulação.
Em outras palavras, ele deu a entender que a oposição feita pelos eleitores de Bolsonaro às pautas defendidas pela esquerda, seria fruto de mera ignorância e não em função de princípios e valores genuinamente cristãos.
Nesse contexto, mas sem citar denominações, Paulo Marcelo chegou a dizer que a igreja se tornou uma “milícia digital” e “massa de manobra” perseguidora. “A igreja era perseguida e, agora, persegue. Tornou-se massa de manobra e uma milícia digital”, declarou.
“Se o homem de Deus [pastores, bispos, cooperadores] estão dizendo para mim que aquilo não é bom, eu não buscarei informação. Se vem no WhatsApp do meu grupo da igreja, por que pegar um livro ou acessar o Google? Para que ler um jornal?”, concluiu o pastor.
Preso por porte de drogas
Um dos pontos que pode pesar contra o apoio do pastor Paulo Marcelo à candidatura de Lula é o seu passado, tendo em vista que a sua intenção é conquistar o apoio dos evangélicos mais conservadores ao líder petista.
Isso porque, semelhante a Lula, que já chegou a ser preso após condenação por corrupção e lavagem de dinheiro, Paulo Marcelo também já foi preso, mas no seu caso por porte ilegal de arma e drogas.
A prisão ocorreu em 2014, após um mandado de busca e apreensão expedido pela 1ª Vara Cível de Foz do Iguaçu, conforme noticiado na época pelo Gospel Mais. Na ocasião, os policiais apreenderam uma pistola 380 com dois carregadores, além de um pino com substância branca, que os policiais acreditavam ser cocaína.
Em sua defesa, pastor Paulo Marcelo divulgou uma nota alegando que a arma, munições e substância apreendidas pertenciam a um segurança particular. Para ler a íntegra do texto, clique aqui.