Um pastor de carreira política extensa pode perder seu primeiro mandato como deputado estadual em Alagoas por causa de uma acusação de que teria transformado o púlpito da igreja que ele dirige em palanque.
O Ministério Público Eleitoral (MPE) de Alagoas abriu uma investigação contra o deputado pastor João Luiz (DEM), alegando “transformação de templo em comitê religioso”.
Luiz já foi vereador por sete mandatos na capital do estado, Maceió, e somente agora o MPE teria averiguado o abuso de sua condição de líder religioso para induzir fiéis a votarem nele.
O pastor vem sendo acusado de uso indevido dos meios de comunicação e abuso de poder econômico. Segundo a ação do MPE, o fato de João Luiz ser presidente da Igreja do Evangelho Quadrangular teria resultado em facilitações, como o uso dos meios de comunicação em que eram transmitidos os cultos.
“Ressalta que durante cerimônia religiosa o pastor, e então candidato, teria sido alçado a candidato da igreja do Evangelho Quadrangular, tendo, desse modo, o templo se transformado em verdadeiro comitê de campanha”, diz a ação do MPE.
De acordo com informações do Jornal Extra de Alagoas, o pastor teria convocado colegas de ministério e obreiros da denominação para distribuir seus materiais de campanha.
“O abuso de poder encontra-se presente na utilização da igreja para a promoção de inúmeros shows às vésperas da eleição, atraindo vários fiéis para os cultos religiosos, onde eram realizados discursos disfarçados de pregação e distribuído vasto material de campanha”, observa um trecho da ação.
A desembargadora Elisabeth Carvalho, relatora do caso, poderá seguir a jurisprudência anterior adotada por ela em 2012, quando julgou caso semelhante e desempatou a votação a favor da cassação do mandato do deputado estadual João Henrique Caldas, pelos mesmo motivos. Porém, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) devolveu o mandato a Caldas, e nas últimas eleições, o evangélico se tornou o deputado federal mais votado de Alagoas.