Quem nunca passou pela experiência de sentir ansiedade? No mundo atual, tem sido cada vez mais comum esta sensação até mesmo em crianças e adolescentes, algo preocupante do ponto de vista da saúde mental, mas também espiritual, segundo o pastor William Barcley, líder da Igreja Presbiteriana Sovereign Grace, situada na Carolina do Norte, Estados Unidos.
Em um artigo publicado recentemente, o líder religioso apontou diferenças entre a ansiedade como reflexo de um cuidado pessoal acerca de algo, e a ansiedade pecaminosa, a qual todos os cristãos devem dar especial atenção.
Segundo o pastor, a ansiedade é um “assunto sério”, motivo pelo qual é tratada na Bíblia, por exemplo, em passagens como Mateus 6:25 (“não andeis ansiosos pela vossa vida”) e em Filipenses 4:6 (“não andeis ansiosos de coisa alguma”).
“Esses versículos não representam um conselho amigável e reconfortante, como um ‘vai dar tudo certo'”, diz o pastor Barcley, frisando que se tratam de “ordens bíblicas”, razão pela qual “desobedecer a essas ordens, portanto, é pecar.”
O que não é pecado
Para o pastor Barcley, no entanto, há um tipo de “ansiedade” que não constitui pecado. Ele citou como exemplo a preocupação do Apóstolo Paulo no cuidado com a Igreja. “A Bíblia não afirma que toda preocupação é pecaminosa”, diz ele.
“O apóstolo Paulo, exercendo o ofício de pastor, experimentou uma preocupação correta. Ele informou aos coríntios que, além das outras dificuldades que enfrentara, lhe pesava diariamente ‘a preocupação com todas as igrejas’ (2 Co. 11:28).”
E continua: “Nesse versículo, a palavra grega para ‘preocupação’ é a forma substantivada do verbo referente a ‘estar ansioso’, o mesmo verbo usado em Filipenses 4:6 citado anteriormente. Apesar disso, o que Paulo descreve aos coríntios não é uma ansiedade (ou preocupação) pecaminosa que ele tem, mas uma preocupação piedosa e amorosa.”
O que é pecado
Por outro lado, o pastor Barcley disse que existe um tipo de ansiedade pecaminosa, e ela foi exemplificada pela Bíblia ao relatar o contato de Jesus com Maria e Marta, em Lucas 10:38-42.
“Marta se desgastou com o que era bom e perdeu de vista o melhor. Ela trabalhou muito servindo a Jesus, mas perdeu de vista o próprio Jesus”, diz o pastor, explicando que as preocupações que nos deixam ansiosos são legítimas, de fato, mas elas não devem ser maiores do que a nossa capacidade de descansar na providência de Deus.
“Isso, em poucas palavras, é ansiedade pecaminosa. Isso é nos desgastarmos com preocupações legítimas enquanto tiramos nossos olhos de Jesus”, diz o pastor em seu artigo compartilhado pelo Voltemos ao Evangelho.
“Em outras palavras, a ansiedade pecaminosa coloca os cuidados e responsabilidades do mundo acima de Cristo. Acabam tomando o primeiro lugar; Cristo fica em segundo lugar”, ressalta.
“Podemos dizer, assim, que a preocupação pecaminosa é resultado do ato de se afastar de Cristo, o que leva a pessoa a conduzir fardos indevidos. Por esse motivo, Paulo exorta aos filipenses: ‘Não andeis ansiosos de coisa alguma; em tudo, porém, sejam conhecidas, diante de Deus, as vossas petições, pela oração e pela súplica, com ações de graças. E a paz de Jesus, que excede todo entendimento, guardará o vosso coração e a vossa mente em Cristo Jesus’ (4:6-7).
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