Muitos casamentos celebrados a partir de um sentimento apaixonado terminam em divórcio quando a chama que unia o casal se esfria. No entanto, para o pastor, teólogo e escritor John Piper, essa circunstância não é uma justificativa válida para pôr fim à união.
As declarações de John Piper foram feitas em um podcast do projeto Desiring God, após um dos ouvintes pedir uma sugestão de abordagem para o caso de seu filho. “Estou totalmente perplexo. Não entendo por que ele se sente infeliz, mas ele diz que ele já ‘não está mais apaixonado por sua esposa. O que você diria a alguém que ‘não está mais apaixonado por sua esposa’? Isso seria mesmo motivo de divórcio?”, questionou.
Nesse contexto, Piper afirmou que o esfriamento da relação não é motivo para o divórcio, pois o sentimento oscila de intensidade ao longo da vida, e como a paixão não é o único pilar que sustenta o casamento, não deve ser o termômetro de uma decisão tão severa.
“A meu ver, é quase ridículo pensar que vamos nos manter ‘apaixonados’ na mesma intensidade durante 60 anos, assim como nos sentíamos no início do relacionamento”, disse o pastor.
“Em uma relação entre dois pecadores forçados a viver tão próximos como casados, é ingenuidade pensar que toda fase será de intenso calor, doçura e romance sexual. Isso é simplesmente o contrário de quase toda a história do mundo e o contrário de toda maquiagem da natureza humana caída”, acrescentou Piper.
A manutenção da união, segundo o pastor, depende muito mais de “manter a aliança” e a “promessa de manter” assumida no momento da celebração do que “estar sempre apaixonado”: “Seja um homem ou uma mulher de palavra, um homem ou uma mulher que mantenham os votos comprometidos, um homem ou uma mulher de caráter. É disso que se trata”, asseverou Piper.
“O casamento é o relacionamento mais difícil de permanecer, mas também é aquele que promete alegrias gloriosas, únicas e duradouras para aqueles que têm a coragem de manter sua aliança”, recapitulou.
Psicologia
O portal The Christian Post noticiou o conselho de Piper sobre o assunto pontuando que a visão do pastor está alinhada a um artigo da revista Psychology Today publicado em 2013, que aponta que nos últimos anos “o fim da paixão” tornou-se o principal motivo para os casais se divorciarem.
“O motivo número um na lista das portas de saída do casamento costumava ser o adultério. As infidelidades pareciam exigir que um casal desistisse de seu relacionamento. A cura de uma infidelidade agora parece possível para mais casais”, observou o texto. “Ao mesmo tempo, o esfriamento do amor está sendo visto cada vez mais seriamente com o crescimento aparente, agora se classificando acima das causas mais dramáticas do divórcio, como o abuso físico, mau comportamento e preocupações financeiras”, acrescentou.
Salientando que essa oscilação do sentimento não deve ser vista como uma “sentença de morte para um relacionamento”, a revista citava ainda que casamentos de longo prazo são “como uma sanfona que se abre e se fecha, oscilando entre maior proximidade e períodos de distância” do casal.
“A chave é estar atento aos sinais de distância excessiva e fazer algo para trazer um retorno de conexão. Normalmente, os casais podem fazer isso por conta própria, se não, alguma forma de aconselhamento pode ajudar”, concluiu o artigo.