Enquanto o mundo se esforça para tentar barrar o avanço do novo coronavírus através das medidas de saúde convencionais, líderes religiosos também procuram reagir da forma que acham mais adequada para lidar com a situação, ainda que isto signifique oferecer um tratamento de “cura pela fé”, segundo um pastor americano.
Este é o caso do pastor Chris Bartlett, líder da Igreja de Deus Boaz em Boaz, no Alabama, Estados Unidos. Ele utilizou a sua rede social para criticar os pastores que decidiram fechar os templos das suas igrejas por recomendação contra o coronavírus, insinuando que tal decisão seria uma fraqueza de fé.
“Estou um pouco emocionado com o fato de que tudo o que é necessário para desmontar a igreja de Deus é a ameaça de doença por propagação de germes”, escreveu ele, segundo informações do Raw Story. “Parece que a igreja primitiva não teria ido muito longe com esse tipo de timidez.”
O raciocínio do pastor é semelhante ao de outros líderes, os quais associam o fechamento temporário dos templos ao encerramento das atividades da igreja enquanto corpo invisível de Cristo, contrariando, assim, o próprio ensinamento neotestamentário de que o local de culto a Deus não se restringe mais aos edifícios.
Chris então afirma que pessoas possivelmente infectadas com o coronavírus, se quiserem, podem lhe procurar em um dos cultos da denominação, ou seja, supostamente na presença de toda a congregação.
“Portanto, com ousadia de fé, se você tiver o coronavírus ou se sentir ameaçado por tais doenças, seja bem-vindo à Igreja de Deus de Boaz, na manhã de domingo, às 10 horas, onde ungiremos os enfermos com óleo e faremos a oração da fé por você!”, afirmou.
“A fé não imuniza”
Não há dúvida para o cristão que a fé é fundamental diante das adversidades e pode, sim, resultar em milagres operados divinamente. Mas também é certo que ela não pode ser utilizada como forma de tentar a Deus, conforme ensina Mateus 4: 5-7, tendo em vista que a prudencia também é uma recomendação bíblica.
Foi o que explicou o pastor Ed René Kivitz em um artigo para o coletivo Bereia:
“A fé não imuniza. Jesus ensinou que as chuvas e tempestades e ventos furiosos assolam as casas de todos, bons e maus, tanto dos que têm a casa edificada sobre a rocha quanto dos que a edificaram sobre a areia (Mateus 7.24-27)”, escreveu.
“A fé é o recurso para enfrentar a fatalidade, não licença para agir com desinteligência, imprudência, ingenuidade ignorante, ou teimosia”, acrescenta.
Neste sentido, muitos pastores diferenciam o “estar disponível” para oração e acolhimento dos necessitados, das reuniões em grupo onde muitos se aglomeram para cultuar. Ou seja, é dever do pastor manter a disponibilidade em casos de necessidade, mas seria imprudência fazer isso expondo toda a congregação.