Um escândalo de casos de estupro envolvendo um pastor evangélico voltou à tona na última terça-feira, 13 de março, quando Wilson Jorge Ferreira, 51 anos, foi preso na Operação Libertação, da Polícia Civil de Minas Gerais.
Ferreira vinha sendo investigado por abusos sexuais e estupro de vulnerável desde maio do ano passado. A prisão aconteceu na casa do pastor, em Contagem, região metropolitana da Belo Horizonte. A Igreja do Evangelho Quadrangular já havia decidido afastá-lo de suas funções desde quando a primeira denúncia surgiu, durante uma reunião pastoral.
O portal O Tempo informou que, durante a reunião, com mais de três mil pastores, uma mulher invadiu a sede da congregação, na região oeste da capital, gritando que precisava ser ouvida. “Ele me estuprou”, dizia a mulher. A cena foi gravada e divulgada em diversas redes sociais.
Há 25 anos no sacerdócio, o pastor tinha ficado conhecido entre as vítimas como o ‘maníaco da orelha’, por sempre iniciar a prática do assédio “lambendo as orelhas das vítimas”, segundo informações do jornal Extra.
A delegada Larissa Mascotte, titular da Delegacia Especializada de Combate a Violência Sexual de Belo Horizonte e responsável pelas investigações, revelou que pelo menos 10 vítimas são esperadas para prestarem depoimentos: “Em nenhum dos casos em investigação houve conjunção carnal. Segundo se apurou, o suspeito colocava a mão na genitália das vitimas, lambia a orelha delas e as aliciava. Também estamos investigando um caso de uma menina, que na época dos fatos era menor de idade, e relatou que foi estuprada entre 12 e 16 anos de idade”, informou.
Além da prisão, um mandado de busca e apreensão na residência do pastor foi cumprido, e diversos aparelhos eletrônicos foram apreendidos. A delegada acrescentou que várias vítimas e testemunhas já foram ouvidas: “Há notícias de pelo menos outras dez vítimas que deverão prestar depoimentos sobre os fatos nos próximos dias. A prisão preventiva foi representada pela Polícia Civil para manutenção da ordem pública, além do fato de algumas vítimas terem relatado que estavam sendo ameaçadas pelo autor”, afirmou Mascotte
Como em outros casos de abusos sexuais envolvendo pastores, a delegada informou que o suspeito se valia da posição de liderança religiosa para abusa-las sexualmente e ameaça-las, com o intuito de silenciá-las, ou ainda as difamava nos cultos visando desacreditá-las. “O silêncio é o maior inimigo das vítimas nesses casos. É muito importante essas mulheres procurem a delegacia para denunciar”, destacou a delegada.
Desconhecimento
A Igreja do Evangelho Quadrangular, que afastou preventivamente o pastor, afirmou que não tinha conhecimento das acusações que pesavam contra ele: “O pastor apresentou todas as certidões sobre sua conduta moral, sem nada que o desabonasse, tal como exigido pelo estatuto da igreja”, afirmou em nota, acrescentando que não foi notificada oficialmente sobre as denúncias.