Seis mulheres acusam um pastor de Goiânia (GO) de cometer abusos sexuais e estupro, aproveitando-se de sua posição ministerial para convencê-las a deixa-lo tirar proveito enquanto oravam no monte.
Esney Martins da Costa, pastor da igreja evangélica Remanescendo em Cristo, em Goiânia (GO), foi denunciado por seis mulheres, incluindo adolescentes, à Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher por crimes sexuais.
Dentre os relatos, o pastor Costa é acusado de cometer estupro, importunação sexual, posse sexual mediante a fraude, ameaça e lesão corporal. A Defensoria Pública vem lidando com o caso desde maio, apesar de alguns casos terem ocorrido há anos.
Todas as mulheres que se queixam da conduta do pastor alegam que ele se valia das pregações para manipula-las: “Ele queria tocar no meu órgão íntimo. Ele falava que era para o meu crescimento espiritual. Ele falava que era pra eu crescer na vida. Ele às vezes confunde até a mente da gente a acreditar que o que ele faz vem de Deus”, disse uma das jovens.
O relato, feito à TV Anhanguera, traz outro detalhe: a denunciante disse que contou ao pastor que sofreu abusos sexuais na infância, e Costa teria dito que a cura para esse trauma exigiria dela mais um sacrifício.
“[O pastor disse] ’Você vai ter que passar pela ferida pra ser curada’. E aí eu fiquei: ‘meu Deus, eu vou ter que ser molestada de novo, pra ser curada de um trauma que eu fui [submetida] na infância?’ Então isso não me deixava dormir”, desabafou.
Outra vítima acusou o pastor de fazer jogos psicológicos com ela, afirmando que via nela a homossexualidade, e que para se livrar dessa orientação sexual, precisaria se submeter a ele: “Falava que eu era lésbica e que eu precisava de tratamento, tratamento de Deus”, relatou.
Abusos no monte
A delegada Paula Meotti, responsável pela investigação, afirmou que a maioria dos abusos acontecia no Morro da Serrinha, uma área localizada a cerca de 10 minutos do centro de Goiânia e comumente usada pela comunidade evangélica para fazer vigílias de oração.
“Era muito normal a gente ir para o monte com ele. Às vezes iam algumas meninas. Aí ele vinha, pegava no meu peito e falava: ‘Isso aqui não é nada pra Deus’, contou uma das adolescentes.
A delegada comentou o impacto psicológico que a manipulação do pastor teria causado: ”Todo esse processo manipulador do pastor incutiu nelas uma sensação de que elas teriam eu se submeter aos atos libidinosos sob pena de desobediência a Deus. Muitas delas disseram que se sentiam pecadoras se não se submetessem às vontades do pastor”.
A mãe de uma das vítimas disse que Costa se relacionou sexualmente com sua filha: “A primeira dela, ela relatou isso pra gente, foi dentro do carro, ela falou. Então, ele é um homem é 61 anos, para a idade da minha filha?”, questionou.
Uma mensagem de áudio entregue por essa mãe à investigação mostraria o pastor sugerindo à vítima uma estratégia para que ela pudesse ficar com ele: “Oi, amorzinho. Te amo. E, olha, não se deixe vencer, tá bom? Não dá ouvido e faz o que eu falei. Se cê tiver que dar uma de doida, cê vai lá naquelas imagens da sua mãe e quebra tudinho. Joga no chão e rola no chão com as imagens e quebra tudo. É isso que cê tem que fazer. Tá bom? Mas nós te amamos e tamos orando por você”.
Procurada pelo portal Uol, a defesa disse que Esney Martins da Costa já prestou depoimento à delegada responsável e esclareceu tudo que foi questionado, mantendo-se à disposição dos órgãos de investigação pois “as denúncias não tratam de fatos praticados com violência ou grave ameaça”.