O grupo de pastores rebeldes da Igreja Universal do Reino de Deus admitiu que a ata que vinha sendo usada para sustentar a destituição dos pastores e bispos brasileiros da instituição em Angola foi forjada.
O ato de tomada dos templos da Universal no país, com registros de violência física e vandalismo, agora ganha um novo capítulo, com a denominada Comissão de Reforma da IURD Angola admitindo que o escritório de advogados contratado por ela “praticou irregularidades na tramitação do processo de certificação”.
No final de julho, os representantes brasileiros da Igreja Universal acusaram o grupo rebelde de ter forjado a ata que havia sido entregue ao 4º Cartório Notarial de Luanda, supostamente atestando a destituição dos brasileiros.
“A Comissão de Reforma da IURD – Angola se demarca e reprova tais atos que foram de exclusiva responsabilidade do referido escritório de advogados”, disse a liderança do grupo rebelde em um comunicado, acrescentando que para “sanar as irregularidades mencionadas”, outro escritório de advocacia foi contratado e “que, de imediato escreveu à Direção Nacional de Registo e Notariado do Ministério da Justiça e dos Direitos Humanos para regularização do referido processo, de onde recebeu resposta positiva para assim proceder”.
De acordo com informações do portal Notícias ao Minuto, a liderança do movimento que vem atuando para desligar as filiais angolanas da instituição regida pelo bispo Edir Macedo acrescenta no comunicado que no início de setembro, as atas síntese e geral da assembleia-geral extraordinária, realizada em 24 de junho, foram certificadas pelo cartório, o que significa que o processo de regularização do documento foi concluído.
O departamento estatal de regulação das entidades religiosas, chamado Instituto Nacional para os Assuntos Religiosos (INAR), recebeu uma cópia desse segundo documento, o que tornaria o a direção do movimento rebelde “a legítima e exclusiva representante da Igreja Universal do Reino de Deus em Angola”.
“Portanto, todo e qualquer ato em nome da IURD – Angola que não for praticado pela referida comissão é ilegal e não obriga a Igreja Universal do Reino de Deus”, acrescenta o comunicado do grupo rebelde.
A polêmica se arrasta há alguns meses, com os rebeldes acusando os representantes brasileiros da Igreja Universal de racismo e evasão fiscal, que seria feita através do envio da arrecadação de dízimos e ofertas para a sede no Brasil.
O bispo Honorilton Gonçalves é um dos que são acusados de discriminação racial, assim como o próprio Macedo. Há ainda a acusação de que os pastores solteiros teriam sido obrigados a se submeter a vasectomia para conseguir a ordenação ao sacerdócio.
No âmbito do processo-crime, cujos trâmites correm na Procuradoria-Geral da República de Angola, há uma investigação em andamento pela suspeita de lavagem de dinheiro, fraude fiscal e associação criminosa. Uma decisão preliminar resultou no ordenamento do fechamento dos templos da instituição em todo o país.