Um movimento feito pelo grupo de pastores rebeldes que tenta tomar o controle da Igreja Universal do Reino de Deus em Angola foi anunciado como uma derrota definitiva do bispo Edir Macedo. No entanto, a instituição acusa o grupo de falsificar um documento e publicá-lo no Diário Oficial do país.
No último dia 24 de julho, o Diário da República de Angola, órgão oficial do país africano semelhante ao Diário Oficial da União existente no Brasil, publicou um documento lavrado em cartório comunicando que uma assembleia entre os dirigentes da Igreja Universal no país havia definido, através de votação, a dissolução da diretoria, incluindo a dissolução da função do bispo Honorilton Gonçalves.
De acordo com informações da BBC, a Igreja Universal é considerada uma entidade de direito angolano, e no documento publicado no Diário da República foi alegado que a “violação sistemática aos estatutos e direitos dos membros”, tais como “a discriminação racial e violação das normas estatutárias”; a “imposição e coação à castração ou vasectomia aos pastores” foram os motivos que levaram à destituição dos pastores brasileiros das funções de cúpula da instituição.
Na mesma publicação são citadas as supostas “privação aos pastores e suas respectivas esposas de acesso à formação acadêmica, científica e técnica profissional”; falsificação de atas; “abuso de confiança da direção da Igreja ao passar procurações com plenos poderes a cidadãos brasileiros para exercer atos reservados à assembleia geral”; e, entre outros, “abuso de confiança na gestação dos recursos financeiros e patrimoniais”.
O documento também anunciou a criação de uma “Comissão de Reforma” da Igreja Universal, com o bispo angolano Valente Bezerra Luís como seu coordenador e novo líder no país, além do encerramento de todo o serviço eclesiástico de missionários brasileiros ligados à instituição fundada por Edir Macedo.
O pesquisador Mathias Alencastro, do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap), comentou o anúncio no Diário da República de Angola, afirmando que o governo local está endossando os pastores angolanos: “Acabou para a Universal. Coloca pedra e cal na estratégia da IURD de tentar retomar seus templos. E mostra como foi inconsequente e desastrada a tentativa do Itamaraty de resgatar a IURD. Já estamos vendo a consequência dessa submissão a interesses evangélicos”, afirmou o doutor em Ciência Política pela Universidade de Oxford, criticando o governo brasileiro a reboque.
Falsificação
A Igreja Universal no Brasil publicou uma nota em que acusa os pastores rebeldes de Angola de falsificarem o “documento sobre uma suposta ‘assembleia geral’ para encerrar ‘o serviço eclesiástico pela Universal dos missionários brasileiros em todo o território nacional’”.
“A Universal em Angola também denunciou que os criminosos conseguiram que um cartório local publicasse a fraude no diário oficial do país. Essa nova ação orquestrada é mais um ataque movido pela xenofobia (sentimento de ódio contra estrangeiros), que coloca em risco não apenas pastores e bispos da Universal, mas todos os estrangeiros que residem em Angola”, pontua a nota.
A instituição liderada pelo bispo Edir Macedo enfatiza que “embora a publicação dos criminosos não tenha validade nem legalidade, é mais uma prova da audácia do grupo, que não tem qualquer respeito pelas leis e instituições angolanas”.
“Como as autoridades e parte da imprensa de Angola começaram a questionar a ocupação violenta de templos da Universal no país, a partir da forte reação internacional ao absurdo atentado à liberdade de religião e direitos humanos, os falsários buscam meios para continuar enganando a opinião pública local”, acrescenta o texto.