O humor como forma de protesto e crítica é uma prática comum em todo o mundo, e o cristianismo constantemente é alvo de comediantes que pinçam pontos da religião para desenvolver novas histórias.
No Brasil, o uso da internet para difundir programas de humor é algo crescente, e as críticas ao cristianismo como um todo, ou a segmentos – como os evangélicos, por exemplo – se tornam cada vez mais constantes.
O canal Porta dos Fundos, no Youtube, publicou recentemente um vídeo em que faz piada com os Dez Mandamentos, questionando a legitimidade do conteúdo escrito nas tábuas por Moisés, conotando serem absurdos os mandamentos.
A crítica fica evidenciada já no texto descritivo do vídeo: “Há seis mil anos, quando um cabeludão descia um morro carregando pedra, ele era considerado maneiro. Hoje em dia, isso é crime. Mas uma coisa nunca mudou: onde houver um ‘Silas Malafaia’, as ‘Marílias Gabrielas’ vão atrás”, sugerindo que a motivação para a piada veio da repercussão da entrevista do pastor da Assembleia de Deus Vitória em Cristo (ADVEC) ao programa De Frente com Gabi.
Confira no vídeo abaixo:
No making of da produção do vídeo sobre os Dez Mandamentos, o humorista Fábio Porchat é questionado se a intenção do vídeo era ofender as religiões monoteístas – incluindo o cristianismo – e responde assertivamente: “Sim”.
O canal Parafernalha, também no Youtube, produziu um vídeo chamado Roubo na Igreja, em que além das diversas sátiras ao ambiente de igrejas pentecostais e adeptas da teologia da prosperidade, crítica a comercialização de produtos durante os cultos, que sob a alegação de serem ungidos, constituem absurdos.
Nos Estados Unidos, o programa de humor mais conhecido do país, Saturday Night Live (SNL) veiculou no último fim de semana um vídeo sátira ao filme Django Livre. Na produção do SNL, intitulada DJesus Uncrossed (que numa tradução livre significaria Jesus Não Crucificado) o personagem principal é um Jesus que reage às ofensas com vingança e assassinatos.
A repercussão da piada feita pelos humoristas do SNL levou muitos cristãos norte-americanos a usarem as redes sociais para protestarem contra o conteúdo do vídeo.
Assista ao vídeo:
A Redação do Gospel+ consultou o escritor e colunista do portal Daniel Simoncelos sobre o tema. Simoncelos destaca que a polêmica é o principal combustível que justifica a escolha da religião como assunto a ser exposto pelos humoristas: “Temos perfis fakes de ‘evangélicos’ como a Irmã Zuleide, e outras, além de fakes para Jesus, Deus, etc. Creio que o humor é sadio e o cristão pode se divertir. Porém outra coisa está intimamente ligado a um dos mandamentos: Não tomar o nome de Deus em vão. Neste caso, o que estes humoristas fazem é zombar do nome de Deus, e o pior de tudo é ver cristãos seguindo, curtindo e compartilhando esses tipos de ‘humor’ que acreditam estarem acima do bem e do mal, e que no humor não precisa de respeito”.
Confira abaixo a íntegra do comentário de Daniel Simoncelos sobre o tema:
O mundo virtual tem conteúdo de todos os gostos, tipos… Assim como a televisão define a programação de acordo com aquilo que dá mais Ibope, na internet as diversas páginas, blogs e vlogs postam o conteúdo que gerará mais visualizações, comentários, curtidas.
Talvez por isso o assunto sobre religião seja tão abordado. Temos perfis fakes de ‘evangélicos’ como a Irmã Zuleide, e outras, além de fakes para Jesus, Deus, etc. Creio que o humor é sadio e o cristão pode se divertir. Porém outra coisa está intimamente ligado a um dos mandamentos: Não tomar o nome de Deus em vão. Neste caso, o que estes humoristas fazem é zombar do nome de Deus, e o pior de tudo é ver cristãos seguindo, curtindo e compartilhando esses tipos de ‘humor’ que acreditam estarem acima do bem e do mal, e que no humor não precisa de respeito. Acredito que o Rafinha Bastos pense um pouco diferente agora.
Quando nós cristãos resolvermos de fato, levar a sério de que o nome santo de Deus de maneira nenhum pode ser zombado, nós escolheríamos melhor o que vemos, seguimos e compartilhamos na internet. Além de reportar tais conteúdos como abuso. De fato, a questão não é impedir a liberdade de expressão de cada um, mas expor que a liberdade do outro não pode invadir a minha liberdade. E essa “liberdade” do humor já ultrapassou todos os limites de respeito e tolerância…
Por Tiago Chagas, para o Gospel+