A crescente criminalidade nem sempre é controlada pelos métodos tradicionais. Essa foi a descoberta do chefe de polícia de Norfolk, Virgínia (EUA), Larry Boone. Ele implementou uma iniciativa de colaboração com as igrejas da cidade e viu os índices de violência caírem.
Boone reuniu os pastores da cidade e pediu a eles que atuassem, em dias específicos, no patrulhamento da cidade ao lado dos policiais. Assim, durante as abordagens, os pastores aconselhariam as pessoas e também fariam orações.
“Algumas regiões de Norfolk são muito perigosas. Muitas dessas ocorrências acontecem nas ruas de igrejas. Não seria uma idéia fantástica se o clero e a polícia pudessem trabalhar juntos para patrulhar algumas das nossas áreas mais problemáticas da cidade?”, sugeriu Boone.
De acordo com informações da emissora Christian Broadcasting Network (CBN), o convite foi aceito pelos pastores. “Eles reagiram, dizendo: ‘Eu gosto dessa ideia’. E eu perguntei: ‘Posso ter o apoio de vocês?’. Rapidamente, todos responderam: ‘Absolutamente'”, relatou o chefe da polícia.
Eles chamam o projeto de “The Clergy Patrol” (“A Patrulha Clerical”). Um dos participantes foi o Dr. Antipas Harris: “Esta é uma ótima ideia para que os pastores se envolvam realmente com a polícia e não apenas aguardem uma crise para fazerem contato, mas sejam proativos, construindo uma relação, estudando sobre conflitos, tentando encontrar maneiras de resolver as ocorrências”, comentou o líder evangélico.
Quando os policiais respondem a uma chamada, o clero aguarda o controle da situação e, após serem chamados, vão ao local para levar uma palavra de incentivo e consolo. “Nós estamos lá para apoiar, conforme necessário. Eu até orei por homens que estavam algemados e pediram oração. Na maioria dos casos, as pessoas aceitam que oremos por elas”, disse Harris.
Boone acrescentou que os pastores “estão lá apenas para oferecer algumas palavras de sabedoria, aconselhamento, seja qual for o caso”, pois é o máximo que se pode fazer sem ferir a lei. “E isso beneficia a comunidade, que beneficia o governo, isto é, a polícia, bem como a própria Igreja”, salientou.
O reverendo Leroy Briggs, que foi capelão da polícia de Norfolk, disse que a polícia e os líderes cristãos realmente compartilham objetivos em comum: “Ambos servem e protegem. A polícia chama seu campo de atuação de ‘comunidade’, já os sacerdotes chamam de ‘congregação’. Jesus enviou seus discípulos de dois em dois, então eles teriam alguém para se apoiar. Desta forma, eles [pastores e policiais] podem apoiar um ao outro e assim apoiar e melhorar a comunidade”.
Briggs também lembrou que a presença de um pastor pode acalmar os ânimos em uma situação estressante: “Quando você sabe que a polícia e os pastores estão juntos, isso simplesmente causa uma atmosfera, um ambiente de paz”, afirmou.
Um efeito positivo da parceria destacado pelo chefe Boone é que a presença dos pastores tem facilitado a entrada da polícia em muitas comunidades onde antes o acesso era mais difícil. “Eles estão nos dando credibilidade em algumas comunidades que não temos”, revelou.
O programa também está dando aos pastores uma compreensão e um respeito mais profundos pelos policiais e seu trabalho. “Não deixe sua congregação pensar que o policial é um robô. Não, ele é um ser humano, com uma família, alguém que se importa e tem sua importância. Essas coisas precisam ser ditas no púlpito”, pediu o chefe da polícia.
“Esses pastores estão percebendo que eles achavam que sabiam – mas você não sabe até você estar no jogo – os desafios que esses oficiais enfrentam e eles têm uma apreciação muito maior pelo que eles fazem”, destacou Boone.
Para o Dr. Harris, essa é uma verdade: “Estar envolvido com a polícia nos permite entrar em novas realidades o tempo todo. A maioria deles está dizendo: ‘Isso mudou a minha vida'”.
Desde que “A Patrulha Clerical” foi posta em prática, Norfolk registrou sua menor classificação de crimes violentos nos últimos 17 anos: “Eu acho que esta iniciativa é uma ponte. E nessa ponte, juntos construímos um relacionamento que eu acho que poderia fortalecer o futuro e fortalecer a segurança pública em nossa comunidade”, estimou Harris.
O reverendo Briggs concluiu: “Eu gostaria de ver uma Norfolk unida, onde todas as pessoas apenas se juntam e podem ajudar uns aos outros. Isso vai acontecer um dia, se continuarmos fazendo o que estamos fazendo”.