Integrantes de uma seita mantiveram uma jovem de 18 anos em cárcere privado por quatro meses, sob a alegação de que ela estaria possuída por demônios. A vítima só conseguiu ser resgatada depois de conseguir acesso ao celular da líder espiritual do grupo.
O local de cativeiro era uma chácara no Gama, Distrito Federal, onde a jovem era obrigada a cumprir tarefas domésticas. Após conseguir usar um celular e pedir ajuda a amigos, a jovem foi resgatada por policiais civis, que chegaram ao imóvel por um acesso da rodovia DF-290 (foto).
No local, vivem cerca de 400 membros da seita, segundo a Polícia Civil. O resgate ocorreu no final de dezembro, mas as autoridades decidiram divulgar a informação somente na última segunda-feira, 07 de janeiro, de acordo com informações do portal G1.
O delegado responsável pelo caso, Vander Braga, revelou que a jovem era mantida no cativeiro por uma mulher de 64 anos, líder da seita, chamada Igreja Adventista Remanescente de Laodiceia. Segundo a sacerdotisa, a vítima “estava endemoniada” e precisava ser contida.
“A casa era fechada pela líder espiritual, e tinha grades na janelas. Ela dizia que a menina estava endemoniada, e que precisava estudar a Bíblia”, contou o delegado Braga. A oportunidade que a jovem teve para mandar mensagens de texto, segundo o depoimento, foi durante um momento em que a líder da seita adormeceu.
“Ela pedia socorro, pedia que chamassem a Polícia e dizia que tentou fugir na noite anterior, mas foi achada no mato”, contou o delegado. A Polícia Civil foi acionada pelos amigos da vítima e conseguiu localizar o cárcere. A líder da seita foi presa ainda em dezembro, mas conseguiu a liberdade provisória em uma audiência de custódia e responderá em liberdade pelo crime de cárcere privado.
Segundo a investigação, a mãe da jovem também faz parte da Igreja Adventista Remanescente de Laodiceia, e a teria levado para a seita quando tinha apenas 12 anos de idade. Tudo indica que a mãe sabia que a filha estava sendo mantida contra sua vontade no local.