Mais detalhes do depoimento da empresária Yvelise de Oliveira, presidente da gravadora MK Music, sobre a morte do pastor Anderson do Carmo vieram à tona recentemente com declarações a respeito da cantora e deputada federal Flordelis (PSD-RJ).
Yvelise de Oliveira teria dito em seu depoimento à Delegacia de Homicídios de Niterói e São Gonçalo (DHNSG) no dia 11 de fevereiro deste ano que considera Flordelis uma pessoa “dissimulada e perigosa”. Essa informação foi revelada pelo jornal Extra, do Grupo Globo.
Em janeiro deste ano, o marido de Yvelise, senador Arolde de Oliveira (PSD-RJ) , rebateu uma matéria do telejornal RJTV que dizia que o aparelho de celular do pastor Anderson do Carmo teria sido usado dias após o crime com um chip registrado no nome da empresária.
No depoimento prestado à delegada Barbara Lomba, Yvelise também teria dito que considerada Flordelis capaz de tramar “algo desse tipo”, no que pode ser entendido como uma referência ao assassinato do marido. No entanto, a empresária não citou especificamente ao que se referia.
O jornal do Grupo Globo diz em sua matéria que Yvelise de Oliveira afirmou considerar a deputada federal uma pessoa enigmática e nebulosa, e que já tina notado que em alguns momentos Flordelis demonstrava uma personalidade diferente da que apresentava publicamente.
Atualmente, Flordelis tem contrato com a MK Music e nas últimas eleições ela e o senador atuaram como aliados em busca de votos. Em março, tanto a cantora quanto Arolde de Oliveira compareceram ao lançamento da pré-candidatura de Márcio Costa Paulo, o Buba, a vereador por São Gonçalo. Ele, que era motorista de Flordelis, posou para fotos ao lado dos dois.
Um relatório da investigação de assassinato indicaria que uma linha telefônica no nome de Yvelise foi habilitada no celular do pastor Anderson às 10h56 do dia 16 de junho, pouco mais de sete horas após o crime. Os dados supostamente apontariam que o aparelho utilizou rede de Wi-Fi da casa de Arolde e Yvelise no mesmo horário.
Em sua defesa, a presidente da MK Music disse à Polícia Civil que possui apenas a sua linha telefônica pessoal, a mesma que teria sido habilitada no celular do pastor assassinado, e negou que outro chip tenha sido colocado em seu aparelho e teria sustentado que nenhum dos familiares esteve em sua casa “a mando de Flordelis” no dia do crime ou no seguinte.
No depoimento, ela disse que recebeu a notícia da morte do pastor Anderson na manhã do dia 16, por intermédio do marido, que logo depois foi ao encontro de Flordelis. As filmagens da imprensa mostram o senador chegando à casa da deputada no início da tarde do mesmo dia.
O número de Anderson do Carmo estava salvo, segundo a empresária, com o nome de Flordelis e ela ligou para o telefone do pastor para prestar condolências através do WhastApp e usando a conexão do Wi-Fi de sua casa. A ligação, no entanto, não foi atendida, mas posteriormente a cantora retornou e elas conversaram.
Arolde de Oliveira comentou o episódio do chip através de uma nota à imprensa, alegando que poderia ter havido erro na leitura dos dados relativos ao telefone celular de Anderson por causa da ligação feita por Flordelis à sua esposa: “É importante saber que quando se faz uma conexão pelo WhatsApp os dados do telefone chamado e o caminho percorrido (número, protocolo da internet, Wi-Fi…) ficam registrados no chip do telefone que está enviando a mensagem”, dizia o comunicado.
“Naturalmente, o rastreamento feito pela empresa operadora de telefonia acusou os dados de registro da chamada gravados no chip do telefone da Yvelise. Uma interpretação equivocada deve ter levado a autoridade ao entendimento de que o chip do telefone do pastor morto estava no telefone da minha esposa Yvelise e, portanto, na nossa casa”, acrescentou o senador.
O próprio inquérito da Polícia Civil carrega depoimentos apontando que o telefone do pastor Anderson do Carmo ainda estava em poder da família de Flordelis no dia do crime. Até agora os policiais não encontraram o aparelho da vítima.
Um dos efeitos de todo o mistério envolvendo a morte do pastor é que, segundo Yvelise de Oliveira teria dito à Polícia, ela e o marido se afastaram de Flordelis e deixaram de tocar as músicas da deputada na rádio 93 FM, pertencente ao Grupo MK, por conta da “mácula à imagem da cantora”.