Um vídeo do Porta dos Fundos que faz piadas sobre a sacralidade da representação do corpo de Cristo e de quebra ironiza a isenção fiscal das igrejas – evangélicas ou não – se tornou uma espécie de mantra entre ativistas ateus.
No vídeo, o humorista Gregório Duvivier representa um proprietário de um estabelecimento comercial que vende alimentos “consagrados” sob a fachada de uma igreja, a “Universal do Pão em Cristo”.
No episódio, o proprietário “benze” um frango assado como se fosse o pão da ceia, usado por Jesus como símbolo de seu corpo e deixado como ensinamento das celebrações em sua memória.
O contraponto do vídeo é o fiscal da Receita Federal que tenta multar o proprietário por sonegação fiscal e acaba acuado sob ameaça de ser processado por intolerância religiosa.
A isenção fiscal de entidades religiosas é um dos pontos mais recorrentes em críticas de ateus, que entendem que o Estado laico não deveria favorecer grupos religiosos, interpretando o princípio de laicidade de forma diametralmente oposta aos defensores da isenção fiscal, que entendem que o papel do Estado, como proposto na Constituição Federal, é o de proteger as práticas religiosas e a liberdade de crença, sem no entanto, adotar nenhuma delas como oficial.
O jornalista Paulo Lopes, um dos ativistas ateus brasileiros mais conhecidos, elogiou o vídeo do grupo de humoristas Porta dos Fundos e sua dupla crítica à religião cristã e à Constituição: “A irreverência do vídeo critica aos (sic) mesmo tempo a concessão da renúncia fiscal prevista em lei às igrejas, a artimanha de igrejas evangélicas de disfarçar as vendas de produtos “sagrados”, a Igreja Universal do Reino de Deus e o ritual católico de transformar uma bolacha (a hóstia) em corpo de Cristo”, escreveu Lopes.
O Porta dos Fundos coleciona polêmicas com cristãos por conta de piadas feitas com temas que são sagrados aos fiéis, sejam evangélicos ou católicos. Assista ao vídeo “Pão Nosso”: