A ministra Damares Alves, mais uma vez, está no centro de uma polêmica que evidencia o preconceito contra evangélicos que existe na sociedade brasileira. Um projeto de homenagem a ela em São Carlos (SP) deve terminar em processo na Justiça.
O vereador Moises Lazarine (DEM) protocolou um projeto para conceder à ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos um título honorário de cidadã de São Carlos, cidade no interior paulista. A iniciativa, no entanto, despertou a fúria de opositores, que passaram a manifestar preconceito contra Damares Alves por sua fé.
Quando a proposta do vereador – que é evangélico – se tornou pública, grupos de WhatsApp na cidade passaram a tecer críticas a Lazarine. Em resposta, ele viajou a Brasília para protocolar um pedido de investigação do caso na Ouvidoria Nacional de Direitos Humanos, vinculado ao ministério liderado por Damares.
Segundo informações do jornal Folha de S. Paulo, moradores da cidade disseram nos grupos do aplicativo de mensagens que homenagear a ministra seria um “culto à imbecilidade” e que “São Carlos não é a terra da goiaba”, uma referência à experiência sobrenatural vivida pela pastora na infância, após ser estuprada.
Em outras mensagens, as críticas eram direcionadas aos evangélicos como um todo. Termos como “evanjégues” faziam parte de mensagens jocosas, e houve até quem propusesse soltar Damares “dentro de um presídio com uns 15 presidiários que não veem mulher há dez anos”.
No passado, Damares Alves viveu em São Carlos por dez anos, onde graduou-se em Direito pela extinta Faculdade de Direito de São Carlos e trabalhou na prefeitura da cidade. “Uma pessoa, administrador do grupo, tudo que é sobre questão de evangélico ele ridiculariza. A postura dele foi nítida de intolerância religiosa, absurda, além de infeliz, no sentido de desrespeitar não apenas uma ministra, mas a mulher brasileira”, afirmou Lazarine.
Segundo o vereador, o objetivo das críticas é pressionar a Câmara Municipal de São Carlos a não aprovar seu projeto. Sua iniciativa, argumenta, é válida porque além de Damares ter morado na cidade, tem uma história de vida inspiradora: “Muitos não conseguem desassociar a imagem dela como pastora e acabam confundindo discursos e falas em ambiente de igreja, para um público cristão, e falas como ministra. Como ministra tem se mostrado uma pessoa que cuida de todas as minorias”, disse.
Na última quarta-feira, 23 de outubro, ele teve uma audiência com Damares Alves: “Ela está triste com a situação, com a forma como foi tratada, e pediu que eu retirasse a proposta, mas eu insisti pois vai ser questão de honra, até para corrigir a injustiça que está sendo feita com ela”, declarou.
De acordo com a Folha, o Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos informou que Damares Alves irá processar os responsáveis pelas ofensas a ela.