Uma das suspeitas mais comuns em torno da chamada “teologia da prosperidade” é que seus pregadores se dirigem aos doentes e aos pobres exagerando em promessas de bênçãos que podem não vir.
Agora, novas pesquisas sugerem que frequentadores das igrejas com saúde física precária e baixo nível socioeconômico estão particularmente inclinados a buscar na Bíblia ideias para alcançar “saúde e riqueza” – um dos aspectos dessa abordagem, também chamada de evangelho da prosperidade – embora isso muitas vezes acabe fazendo com que se sintam pior.
“À primeira vista, pode parecer pouco surpreendente saber que as pessoas que experimentam certas privações e estresses têm maior probabilidade de recorrer às Escrituras para orientação relevante”, escreveram os sociólogos Reed DeAngelis, John Bartowski e Xiahe Xu no relatório do estudo publicado no Journal for the Scientific Study of Religion.
Com base em cerca de 1.500 respostas de uma pesquisa chamada Inquérito Social Geral de 2012, concluiu-se que as pessoas com problemas de saúde eram 28% mais propensas a procurar reflexões sobre saúde nas Escrituras, enquanto aquelas com menor nível socioeconômico tinham 62,5% mais probabilidade de buscar pregações sobre a saúde.
De acordo com informações do portal Christianity Today, nenhum grupo foi mais propenso a recorrer ao texto por outras razões, como devoção pessoal, estudo da Bíblia ou memorização. “Juntas, nossas análises indicam que certos segmentos desfavorecidos da população […] podem estar se voltando para as Escrituras estritamente como uma busca personalizada de significado e autoajuda e à exclusão de outras formas de estudo religioso”, relataram os pesquisadores.
De acordo com a análise divulgada na última semana, cerca de 2 em cada 10 leitores da Bíblia recorreram às Escrituras para inspirações relacionadas a saúde, e 3 em 10 para percepções de riqueza. No geral, cristãos protestantes evangélicos se mostraram mais propensos a uma abordagem de “saúde e riqueza” na Bíblia.
“Nossas análises sugerem que a leitura das Escrituras para obter informações sobre saúde e cura exacerbou os efeitos adversos da autoavaliação de saúde ruim sobre os sintomas depressivos, uma descoberta consistente com uma literatura emergente sobre o ‘lado negro’ do enfrentamento religioso e espiritual”, observaram os pesquisadores.