Aos 23 anos, a cantora Priscilla Alcantara evita usar o rótulo do feminismo, mas diz que se sentia “oprimida por ser mulher” quando trabalhava na televisão e declarou que a Bíblia Sagrada “empodera” as mulheres.
“Na época da TV, eu me sentia muito oprimida por ser mulher. Não que alguém tenha feito algo diretamente para mim, mas, sabe aquela coisa sutil, de que se tem uma mulher e um homem [juntos], as pessoas se direcionavam mais para o homem? Eu me sentia muito menos direcionada. Foi durante toda a minha jornada na televisão”, afirmou numa entrevista recente.
A saída do SBT e a dedicação à carreira gospel trouxeram mudanças nesse aspecto, disse a cantora ao portal Uol: “Quando foquei só na música, vi darem mais atenção pra mim. Além disso, fazer o que eu nasci para fazer me libertou como pessoa, artista e como mulher também”.
Tentando fazer seu trabalho artístico não ser limitado ao público evangélico, Priscilla Alcantara costuma fazer vídeos com covers de artistas seculares, em especial, Beyoncé:
“Ela é uma coisa emotiva para mim. Postar esses vídeos mostra um som diferente do que a galera está acostumada a ouvir de mim. Postei um vídeo de Shallow [do filme Nasce uma Estrela, com Lady Gaga e Bradley Cooper] que viralizou, ganhei mil seguidores no dia. Isso acaba atraindo público para minhas músicas autorais”, comemorou.
Nascida em família cristã, filha de pastores, Priscilla evita se associar ao feminismo de forma direta, mas se compromete com o que define como “a luta pela busca do direito da mulher”. Sem levantar bandeiras de movimentos, usa a Bíblia para justificar suas posições sociais.
“Respeito quem levanta bandeiras dos movimentos, porque vai a fundo à questão. Não é meu caso, não posso falar que sou ativista, porque sou leiga, ainda. Mas eu acredito na luta do direito das mulheres e abordo essa questão a partir do princípio da minha fé, que é a Bíblia. Ela empodera muitas mulheres”, disse.
“Tenho como exemplo a rainha Ester, que foi capaz de salvar todos os judeus. E eu cresci vendo minha mãe sendo líder, meus pais eram pastores de uma igreja bem tradicional, e ela ia à frente, todo sábado. Meu crescimento foi num ambiente de fé que dava espaço para as mulheres“, acrescentou.
Priscilla Alcantara se vê cumprindo um papel de incentivar outras mulheres a buscarem o que sonham: “Sou empoderada e me sinto à vontade para empoderar meninas, para elas persistirem no que estão fazendo, independentemente do que as pessoas ao redor digam”.
Em suas entrevistas, Priscilla gosta de deixar intimidade de fora, e se limita a dizer que cultiva um “relacionamento íntimo com Deus”, nutrido a partir de experiências de comunhão nas chamadas “células”, grupos de amigos que se reúnem em casa para ler a Bíblia e cantar louvores. Muitas dessas reuniões ocorreram na companhia da atriz Bruna Marquezine, de quem se tornou amiga.
“A palavra ‘célula’ viralizou. Mas nada mais é do que um culto, uma reunião que acontece em lares para adorar a Deus, nos confessarmos juntos. Rola muita música. Aí, a paz vem. Em um tempo em que a gente está tão autossuficiente por causa da tecnologia, a gente se junta para mostrar que dependemos uns dos outros. Somos servos uns dos outros”, concluiu.