A ideia de que ler a Bíblia é entediante não é incomum. O artista gráfico e designer de livros Adam Lewis Greene percebeu que, mesmo com as traduções mais fiéis ao original e/ou a adoção de linguagem contemporânea, a leitura não se tornava tão atraente, e a partir disso, resolveu inovar e dividir os textos em quatro blocos.
Sua ideia é enfatizar o conteúdo literário da Bíblia, e para isso, excluiu marcações que foram adicionadas, ao longo do tempo, para servir de ferramentas de estudo, como por exemplo, capítulos e versículos.
Através de uma plataforma de crowdfunding (meio para arrecadar doações de pessoas interessadas em ver o projeto concretizado) Greene conseguiu reunir os US$ 37 mil necessários para adaptar os textos bíblicos à ideia, e separou os 66 livros em quatro volumes.
Depois de apresentado o primeiro protótipo, chamado de Bibliotheca, o valor doado chegou a US$ 800 mil, num total de 8 mil colaboradores, de acordo com informações do Huffington Post. Greene resume seu trabalho como a reunião de “toda a bíblica em quatro volumes elegantes, concebidos exclusivamente para a leitura”.
Segundo o designer, “o texto é tratado com reverência no estilo tipográfico clássico, livre de todas as convenções adicionais, tais como números de capítulos, números do verso, cabeçalhos de seção, referências cruzadas e notas”.
“O que eu pensei que seria um projeto de pequena escala para poucos interessados recebeu uma enorme quantidade de atenção em todo o mundo a partir de pessoas de diversas origens, religiões e línguas. Claramente este conceito atingiu um acorde”, comentou Greene, surpreso com a repercussão de sua ideia.
De certa forma, Greene vê seu projeto como um retorno a um tipo anterior da Bíblia: “A literatura bíblica é naturalmente livre de capítulos e versículos, e outras convenções como a de couro coladas, papel fino, e a assustadora tipografia enciclopédica. Na verdade, o design e a forma das Bíblias contemporâneas não tem nada a ver com a própria literatura. Nós fomos impostos a tudo isso desde a Idade Média, no interesse de estudo sistemático, referências cruzadas e à prova de mensagens de texto, e, infelizmente, ao longo do tempo tornou-se uma parte do vernáculo da bíblia”, lamentou.