Apesar dos protestos contrários, a permanência do pastor Marco Feliciano na presidência da Comissão de Direitos Humanos e Minorias (CDHM) da Câmara dos Deputados, tem se mostrado uma decisão acertada para o Partido Social Cristão.
O jornal Folha de S. Paulo noticiou neste domingo, 31 de março, que desde o início da polêmica, o número de filiações ao PSC aumentou, o que tem feito a direção do partido apoiar a postura do pastor em permanecer no cargo.
A cúpula do PSC estipula que Marco Feliciano possa triplicar o número de votos recebidos na última eleição, ajudando assim, a eleger outros candidatos do partido através do critério de quociente eleitoral, o mesmo que beneficiou o deputado Jean Wyllys (PSOL-RJ), eleito com 13 mil votos. Marco Feliciano, em 2010, obteve 211 mil votos em sua primeira candidatura a um cargo eletivo.
Porém, essa manutenção no cargo não deve ser tranquila, pois os protestos contra o pastor continuam acontecendo frequentemente.
Na última sexta-feira, 29 de março, Feliciano foi alvo de protestos em Passos (MG), no local onde foi realizado um evento organizado pela Assembleia de Deus e que o pastor seria o preletor da noite.
Ao subir no palco do ginásio, Feliciano comentou as manifestações contrárias a ele e pregou normalmente. Do lado de fora, um grupo de 50 manifestantes seguravam cartazes contra o pastor. Ao sair do evento, Marco Feliciano precisou ser escoltado pela Polícia Militar.
No sábado, 30 de março, um grupo de umbandistas montou um boneco e com uma imagem do pastor Marco Feliciano, e o malharam em frente ao Congresso Nacional. Durante o protesto, foram exibidos cartazes com críticas à “intolerância religiosa, racial e sexista”.
Críticas no meio cristão
O pastor Ricardo Gondim, da Igreja Betesda, se juntou ao grupo dos críticos a Marco Feliciano, e afirmou que a reação mais lúcida por parte do pastor da Assembleia de Deus Catedral do Avivamento seria a renúncia à presidência da CDHM.
“O Marco Feliciano se apresenta como representante não só do mundo evangélico, mas de todo o protestantismo. Na verdade, ele pouco representa das tendências protestantes. Foi eleito por um segmento muito alienado politicamente”, observou o pastor Gondim, em entrevista ao jornalista Roldão Arruda, do jornal O Estado de S. Paulo.
Para Gondim, Feliciano erra por ecoar uma linha teológica que já foi usada para justificar a escravidão: “Ele se antagonizou com o Brasil porque expressou pelo Twitter e, depois, num culto, opiniões sobre a questão dos negros. Disse que são descendentes da parte amaldiçoada dos filhos de Noé, os filhos de Cam. É interessante observar ele não criou nada ao fazer tais afirmações. Essa teologia é muito antiga, muito anterior a ele, persistindo até hoje em alguns poucos segmentos fundamentalistas. Ela tem origem entre os colonialistas, que dividiam o mundo em três áreas – o ocidente, o oriente e o sul. Nesta última teriam ficado os possíveis descendentes do personagem bíblico, os amaldiçoados. O Feliciano lucra em cima dessa teologia, fatura em cima dela, mas não acrescenta nem desenvolve nada. É apenas o porta-voz de um grupo que, no atual contexto religioso, ainda replica argumentos usados por países colonialistas para a dominação e exploração dos mais pobres, especialmente na África. Isso é muito triste”, lamentou Ricardo Gondim.
Por Tiago Chagas, para o Gospel+