Uma igreja evangélica teve uma cerimônia de batismo nas águas interrompida pela Polícia no último domingo, 15 de novembro, sob alegação de que o culto poderia contribuir com a segunda onda da pandemia de Covid-19.
A igreja, chamada The Angel Church, fica na região norte de Londres, no bairro Clerkenwell. O culto de batismo tinha 30 pessoas reunidas no templo quando foi interrompido. O crescimento no número de casos de pessoas infectadas vem sendo tratado como uma segunda onda da pandemia na Inglaterra.
“Disseram-nos para não fazermos o batismo e a polícia começou a bloquear as pessoas de entrar na igreja, então decidimos tomar outras providências. Havia 20 pessoas aqui inicialmente e aumentou para cerca de 30”, comentou o pastor Regan King.
“Eu acredito que servimos a um bem maior. Temos um bem maior do que isso”, acrescentou ele, ao responder o motivo de ter descumprido as regras estabelecidas pelas autoridades da Inglaterra sobre reuniões em locais fechados.
Regan King declarou ainda, conforme informações do portal Evening Standard, que a prática da fé deve ser respeitada e entendida como algo além de uma simples reunião: “Este é um serviço essencial que prestamos. É sobre amar o nosso próximo, e você pode conversar com várias pessoas aqui que são extremamente vulneráveis, sem-teto ou prestes a ficar muito isoladas”, contextualizou.
Culto ao ar livre
A Polícia Metropolitana concordou, após dialogar com o pastor, em permitir que parte dos fiéis continuassem a celebração no templo, e a outra parte, se reunisse ao ar livre em uma área aberta da propriedade, respeitando o distanciamento social.
Duas viaturas permaneceram estacionadas em frente ao templo, instalado no prédio Mount Zion Hall, com quatro policiais fiscalizando a entrada da igreja para evitar que outras pessoas se juntassem ao grupo.
Um homem de 22 anos, que preferiu manter sua identidade em sigilo, participava da celebração do batismo e posteriormente se juntou ao culto ao ar livre, relatou que durante a reunião os fiéis oraram pela polícia, imprensa e as pessoas que denunciaram o encontro com o objetivo de encerrar o culto: “Embora as restrições permitam que as pessoas vão ao supermercado para comprar comida, acho que é preciso considerar alimento espiritual também”, comentou.
Um porta-voz da Polícia Metropolitana foi questionado sobre o episódio, e se limitou a dizer que os policiais conversaram com o pastor após ouvirem relatos de que ele pretendia realizar a cerimônia de batismo nas águas e explicaram que “devido à Covid-19, existem restrições que impedem ajuntamentos de pessoas e que penalidades financeiras podem ser aplicadas se forem violadas”.
“Depois de uma discussão, o pastor concordou em realizar um breve encontro socialmente distante ao ar livre no pátio da igreja”, acrescentou o porta-voz.
Sob o pretexto de conter a segunda onda da pandemia, a Inglaterra também estabeleceu proibições a outras cerimônias, como casamentos, enquanto que funerais estão sendo realizados sob limitações, com apenas 30 pessoas permitidas no recinto, antes do sepultamento.