Acusações de envolvimento com o narcotráfico e peculiaridades, como ensinamentos de que Jesus já voltou e nasceu peruano, são características da seita “Associação Evangélica da Missão Israelita do Novo Pacto Universal”, que foi tema de uma reportagem especial do programa Fantástico, da TV Globo.
Na reportagem, foram apresentadas particularidades da doutrina e liturgia da seita, que embora silenciosa, já alcançou seguidores em diversos países da América Latina, incluindo o Brasil, e também os Estados Unidos.
Para os “israelitas”, como são conhecidos, os homens não devem cortar o cabelo ou a barba, e as mulheres, devem ser completamente submissas a seus maridos. Todos eles se vestem com roupas típicas dos tempos de Jesus e creem que Ezequiel Jonas Molina, filho de Ezequiel Gamonal, fundador da seita, é a reencarnação do Cristo.
A base e principal ramificação da seita fica numa região próxima à tríplice fronteira entre o Peru, Brasil e Colômbia.
A seita atraiu os holofotes da mídia ao levantar a suspeita na Polícia Federal de que, membros dos “israelitas” estariam envolvidos com o plantio e processamento de cocaína que é traficada para o Brasil.
De acordo com a reportagem, nos últimos cinco anos o plantio de coca em território peruano, próximo à fronteira com o Brasil, tem oscilado entre 50 e 100 toneladas, e para a Polícia Federal, há a ligação de membros da seita “israelita” com o tráfico: “Não há como dissociar essa seita e seus integrantes, que moram naquela região, da produção, do plantio e da colheita das folhas de coca. Então realmente a gente, deduz, e deduz com muita segurança, que aquelas famílias hoje vivem do plantio de coca. Infelizmente”, afirmou Sérgio Fontes, superintendente da Polícia Federal no estado do Amazonas.
Ouvido pela reportagem, o pastor Silas Malafaia – que é vice-presidente do Conselho de Pastores do Brasil – afirmou que muitas seitas só se tornam conhecidas pelas maiores lideranças evangélicas do país quando atraem a atenção de alguma forma: “Existem mais de mil ramificações com nomes evangélicos, então é muito difícil, até para nós que estamos em uma entidade associativa, saber direitinho quem é quem. A não ser quando aparece, apontam um escândalo, uma denúncia, aí nós tomamos uma providência”.
Um dos membros da seita, Demóstenes Alarcón Zamora, afirmou que as pessoas que se envolvem com o tráfico de drogas podem até fazer parte do grupo, mas não foram transformadas pela mensagem da seita: “Gostaria de esclarecer para a Globo Brasil: israelita não participa da plantação de coca. Alguns podem ter cabelo grande e barba, mas só na aparência, pois não são israelitas de coração”, pontua.
Por Tiago Chagas, para o Gospel+