Ángel Colón sobreviveu a um atentado do Estado Islâmico na boate Pulse, em Orlando, Flórida (EUA) em 2016.
A experiência o fez buscar uma reconciliação com Deus e agora ele publicou um artigo contando que aquela noite traumática foi a resposta da oração que seus pais fizeram por muitos anos.
O atentado matou 49 pessoas e deixou mais de 50 feridos, sendo que Ángel Colón foi um dos que sobreviveu mesmo sendo baleado diversas vezes. Dias depois, ele deu um depoimento emocionante, falando sobre sua decisão de voltar a Deus.
À revista pentecostal Charisma News, ele disse que foi criado em um lar cristão do estado de Massachusetts, mas deixou a igreja e passou a viver abusando de álcool, drogas e se entregou à homossexualidade.
Confira abaixo a íntegra do testemunho:
Sozinho. Vazio. Infeliz. Acorrentado. Não amado. Essa foi minha identidade por oito anos. Eu pedia ao Senhor todas as noites para fazer tudo o que Ele tivesse que fazer para me libertar para adorá-lo novamente.
Embora eu tenha crescido com uma família espiritual forte que me ensinou [distinguir] o certo do errado, eu os abandonei e a Deus por causa da bebida, das drogas e de um estilo de vida que me afastava d’Ele.
O mundo me disse que eu era gay, que minha nova identidade estava na comunidade LGBT, mas no meu coração, eu sentia falta de adorar ao Senhor. Eu estava tão consumido por drogas, álcool e, acima de tudo, homossexualidade, que foi necessário um dos piores massacres da história dos Estados Unidos – e o poder de uma mãe que orava – para que eu me arrependesse de meu pecado.
12 de junho de 2016 mudou minha vida de uma maneira que eu nunca esperava. Duas palavras descrevem o dia anterior: cansaço e ressaca. Acordei tarde depois de uma longa noite de bebedeiras loucas e algumas doses de cocaína. Meu colega de trabalho e eu estávamos com pressa para trabalhar naquele sábado lindo, mas eu estava ansioso para o dia que viria.
Nosso trabalho foi bem fácil naquele fim de semana – tudo o que tínhamos que fazer era distribuir biscoitos no centro da cidade por US$ 25 a hora. Quem odiaria isso?
Embora eu tivesse passado a manhã correndo e limpando o vômito do meu colega de trabalho, tudo que eu precisava para me animar era uma bebida energética da loja de conveniências. Essa era minha rotina diária: trabalhar, festejar, limpar, repetir.
Em 11 de junho, meu gerente nos deixou sair mais cedo, então fui direto à barbearia para um corte fresco – uma maneira fácil de aumentar minha autoestima. Em seguida, fui para a festa de inauguração de uma casa de um amigo, onde todos nós decidimos ir para a boate Pulse no centro de Orlando.
Lembro-me do amor e das risadas até 2h02, 12 de junho de 2016. Estava voltando do bar com meu último drinque da noite para me despedir de meus amigos com abraços e beijos. Foi quando ouvimos o “grande bum”. Sabemos agora que Omar Mateen abriu fogo com uma metralhadora. Éramos como peixes em um barril.
Tentei correr, mas era tarde demais. No momento em que percebi que era um atirador, ele estava a apenas alguns metros de mim e mirou no meu corpo. Tiros crivaram meu corpo. Eu desabei, puxando meus amigos comigo. Eles se endireitaram e começaram a correr. Tentei fazer o mesmo.
Enquanto lutava para ficar de pé, senti um passo atrás da minha perna esquerda e ouvi um estalo alto. Meu fêmur esquerdo estilhaçou.
A única coisa que pude fazer foi cobrir minha cabeça e orar para que a quietude tomasse conta de meu corpo. Essa última parte não foi muito difícil, já que eu não conseguia nem sentir minhas pernas.
Com o caos ao redor, eu podia ouvir os tiros, os gritos, os copos e garrafas se espatifando. Eu olhei para cima e tudo que vi foram corpos caindo um por um. Eu não conseguia acreditar no que estava acontecendo.
Parecia algo saído de um filme violento. Eu me belisquei várias vezes, orando para estar preso em um pesadelo horrível. Eu não estava. Minutos depois, o silêncio tomou conta da sala, mas o eco de tiros veio de fora.
Quando ousei abrir meus olhos, cadáveres tomaram minha visão. Tentei desesperadamente consolar a senhora ao meu lado, mas ela se contorcia de dor e não conseguia ficar parada. Eu fiz a única coisa que pude: segurei sua mão e tentei tranquiliza-la de que tudo ficaria bem.
Foi quando ouvimos passos. Os tiros começaram de novo, mas desta vez foram lentos e metódicos. Mateen não queria deixar ninguém vivo. Implorei à minha vizinha para fingir que estava morta, mas quanto mais perto os tiros ficavam, mais alto ela gritava.
Os passos estavam praticamente em cima de nós agora. Prendi a respiração e cobri meu rosto com a mão. “Bum!” Seus olhos se fecharam lentamente. Eu não podia acreditar que tinha acabado de testemunhar essa linda senhora morrer na minha cara.
Fiquei petrificado sabendo que seria o próximo. Eu ouvi o atirador atrás de mim, avaliando seu próximo movimento. Foi quando eu pedi perdão ao Senhor, que me perdoasse por falhar com Ele, por virar as costas para Ele. Eu queria estar em paz com Deus, mas naquele momento, minha oração mudou para profecia.
Eu profeticamente reivindiquei minha vida para o Senhor. Eu disse a Ele que não deixaria aquele prédio morto, que tinha um propósito e que Ele cumpriria todas as promessas que fez sobre a minha vida. Eu soube naquele momento que fui escolhido e Deus tinha algo grande para mim. Eu prometi a Ele que iria adorá-lo pelo resto dos meus dias.
No exato momento em que disse “amém”, senti a bala. O calor inchou pelo meu abdômen e eu tinha certeza de que estava morto. Mas quando abri meus olhos, soube que o Senhor me poupou.
O atirador saiu da sala e, alguns minutos depois, o som bem-vindo dos rádios policiais e luzes piscando se espalhou pelo pátio. Eu olhei para cima e levantei minhas mãos o mais rápido que pude: “Por favor, venha me buscar!” Eu chorei. “Eu estou vivo!”.
O policial Omar Delgado correu em meu socorro e me arrastou para fora da cena do crime. Ele esqueceu que havia vidro quebrado no chão, e os cacos laceraram minhas pernas, exacerbando os ferimentos a bala. Apesar da dor avassaladora, eu sabia que estava vivo.
Tudo que eu podia fazer era agradecer ao Senhor e prometer a Ele repetidamente que O adoraria pelo resto da minha vida. A noite mais traumatizante da minha vida também revelou que Deus havia respondido aos gritos sinceros pelos quais eu orei por anos.
Todas as noites, eu pedia ao Senhor: “Por favor, Deus, faça algo acontecer em minha vida que me faça voltar para Ti, que me faça deixar esta vida de pecado, deixar a vida de homossexualidade que eu sei que não está certa em seus olhos”.
E enquanto eu orava, minha mãe orava também. Por oito anos, ela pediu fielmente ao Senhor a volta de seu filho pródigo. Dois anos depois, ainda estou me recuperando, mas sei sem sombra de dúvida o que é o amor verdadeiro, a felicidade verdadeira e a paz verdadeira. Acordo todas as manhãs e digo: “Estou bem com Deus”.