O missionário Ricardo Lopes Dias é oficialmente o novo chefe da Coordenação-Geral de Índios Isolados e de Recente Contato da fundação Nacional do Índio (Funai). A sua nomeação foi autorizada após uma decisão do Supremo Tribunal de Justiça (STJ).
O STJ suspendeu uma liminar que havia sido concedida pelo Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1), que atendeu a um pedido do Ministério Público Federal, o qual alegou que Lopes poderia prejudicar o isolamento de alguns povos indígenas no país.
O MPF fez essa alegação, infundada, porque Lopes atuou por dez anos como missionário no país, entre 1997 e 2007, na Missão Novas Tribos do Brasil (MNTB), algo que por si só não deslegitima a sua capacidade de atuar como coordenador da Funai, mas que foi visto como uma ameaça pelo poder público.
Ricardo Lopes Dias deixou de atuar como missionário e passou a se dedicar à carreira acadêmica.
Além de bacharel em Teologia, ele também é Bacharel em Antropologia pela Universidade Federal do Amazonas, mestre em Ciências Sociais pela Universidade Federal de São Paulo e doutor em Ciências Humanas e Sociais na Universidade Federal do ABC, e tem fluência no idioma indígena Matses, segundo a Funai.
Para o presidente do STJ, ministro João Otávio de Noronha, não há qualquer conflito no fato de Lopes ter atuado como missionário no país. Ele também destacou que é competência do Executivo a nomeação para o cargo na Funai, sendo de livre escolha.
“Trata-se de ilação sem base, conjectura que fere, no caso, a presunção de legitimidade dos atos do Executivo e caracteriza intervenção do Judiciário na administração interna de outro poder sem fato concreto sério e comprovado”, diz um trecho da decisão proferida pelo magistrado, segundo o G1.
Para Lopes, o momento é de construir pontes para a execução de um trabalho de qualidade e máxima competência. Em vez de repelir os que foram contrários à sua nomeação, ele disse que deseja buscar aproximação.
“A princípio a palavra-chave é diálogo. Da minha parte estou aberto. Quero deixar claro que irei dialogar com todos. Com os acadêmicos, por causa de subsídio teórico, com os indigenistas e com os próprios indígenas, que ao meu ver têm sido pouco ouvidos”, disse ele.