A inauguração do Templo de Salomão da Igreja Universal, que aconteceu na última quinta feira (31/07), tem motivado uma série de discussões a respeito do crescimento e consolidação dos evangélicos no Brasil, e também sobre a abordagem utilizada por muitas igrejas para arrebanhar e manter seus fiéis.
Após a análise feita por um jornalista de que a Universal usa o Velho Testamento para reviver relação do ‘povo eleito’ com Deus, o professor de sociologia da religião da PUC-SP, Edin Abumanssur, comentou sobre como o templo deve consolidar a posição da Universal no “concorrido mercado das religiões brasileiras”.
– A inauguração do megatemplo representa uma consolidação da Universal, mas não do neopentecostalismo como um todo. Esse megatemplo é uma forma de marcar e consolidar uma posição na disputa do mercado das religiões. A abertura do templo na maior metrópole brasileira significa que a Universal tem condições de se perpetuar no tempo – opina Abumanssur.
Crescimento da população evangélica
A consolidação comentada pelo sociólogo aparece no momento de maior crescimento da população evangélica no Brasil; segundo dados do IBGE, que revelou que entre 2000 e 2010, a população evangélica no país foi de 15,4% da população brasileira para 22,2%, um aumento de 16 milhões no número de adeptos, totalizando hoje 42,3 milhões de pessoas.
Nesses números, a Igreja Universal aparece em terceiro lugar entre as igrejas de origem pentecostal com mais seguidores no Brasil, com 1,87 milhões de fiéis. À sua frente estão apenas a Assembleia de Deus (12,3 milhões) e a Congregação Cristã do Brasil (2,2 milhões).
Teologia da prosperidade
Segundo matéria do site DW, tal crescimento tem uma forte ligação com a grande atuação dessas igrejas junto às populações de baixa renda e baixa escolaridade, destacando o fato de a Universal apresentar uma mensagem que é bem recebida por esse público.
A mensagem apresentada pela Universal é fortemente embasada em cura pela fé e na chamada teologia da prosperidade, o que responde a uma demanda específica da população mais pobre.
– Quase toda cidade brasileira, na região central, possui uma igreja católica. Mas nas periferias, principalmente das grandes cidades, a Igreja Católica não conseguiu se expandir e chegar perto dessas populações mais pobres. Quem faz isso são as igrejas evangélicas, especialmente as pentecostais – explica Eustáquio Diniz, demógrafo da Escola Nacional de Ciências Estatísticas do IBGE.
Consolidação no “mercado da religião”
Apesar do crescimento do número de evangélicos no país, a Universal perdeu adeptos entre 2000 e 2010. Porém, especialistas afirmam que essa redução não diminuiu a presença da denominação, que nos últimos anos ampliou seus espaços na política institucional e aumentou sua presença fora do país, com mais de 190 templos nos Estados Unidos, 380 na África do Sul e outras unidades espalhadas por outros países em todo o mundo.
De acordo com Leonildo Silveira Campos, professor de ciências da religião da Universidade Metodista de São Paulo, a inauguração do Templo de Salomão marca uma nova fase da Universal e tenta tornar a igreja ainda mais visível no espaço social.
– Os templos da Universal estavam sendo esvaziados pela concorrência, que copiava seus métodos de trabalho. Agora, ela troca a capilaridade de seus pequenos e médios templos por grandes e vistosas catedrais – analisa Campos.