Críticas e reclamações não são atitudes muito bem aceitas em diversas igrejas evangélicas, e o pensamento racional, diversas vezes, acaba suprimido, de acordo com o apologista e teólogo Ruy Marinho, colunista do Gospel+.
Marinho escreveu artigo lamentando que a crítica não seja incentivada no meio evangélico: “Um perigoso bloqueio intelectual está sendo inserido na mente dos cristãos da Igreja brasileira. Trata-se de uma onda de conformismo acrítico, ou seja, a aceitação cômoda de não criticar as palavras e atitudes das pessoas no ambiente eclesiástico, impossibilitando o crente de provar pensamentos e atitudes de maneira biblicamente racional”, pontuou.
Para o colunista, o fato de líderes desencorajarem os fiéis ao exercício da crítica vai contra a Bíblia: “O apóstolo Paulo adverte que a nossa fé não deve ser irracional: ‘Rogo-vos, pois, irmãos, pelas misericórdias de Deus, que apresenteis o vosso corpo por sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional’ (Rm 12:1). Excluindo o senso racional, o cristão ficará intelectualmente enfraquecido e mais propício a aceitar os enganos dos falsos profetas que Cristo nos alertou: ‘levantar-se-ão muitos falsos profetas e enganarão a muitos’ (Mt 24:11)”, alertou.
Ruy Marinho afirma em seu artigo que “este bloqueio intelectual é resultante dos famosos terrorismos espirituais, causados por clichês como ‘não toqueis nos ungidos de Deus’ e ‘não devemos julgar’, que infelizmente são ensinados e defendidos por muitos líderes”. O artigo ressalta, porém, que esses são argumentos de manipulação, baseados em “conceitos teológicos errôneos, dos quais tem como objetivo impossibilitar a pessoa de desenvolver suas faculdades mentais de raciocínio lógico, facilitando o falso líder a ter um controle manipulável dos membros de sua respectiva comunidade”.
De acordo com Ruy Marinho, os fiéis submetidos a essa condição de repressão do pensamento crítico, entram em uma situação de constante aprisionamento: “Aqueles que são resignados a esta condição acrítica, acomodam-se na posição irracional de ‘crente manipulado’, bloqueando qualquer ação iniciativa e inibindo o desejo de evoluir teologicamente. Ou seja, o crente estará sujeito à restrição de qualquer questão doutrinária e/ou moral, aprisionando sua mente ao ponto de não conseguir discernir mais o certo do errado”, observa.
Confira a íntegra do artigo “Acríticos conformados: uma forte tendência na Igreja brasileira”, do teólogo Ruy Marinho neste link.
Fonte: Gospel+