A série The Chosen vem sendo exaltada como uma produção que expressa os textos dos evangelhos de maneira artística e convincente, com muitos pastores endossando o programa. Porém, há quem veja sérios problemas bíblicos nesse tipo de produção, e apontam a Bíblia como referência para essa rejeição.
O pastor e escritor Voddie Baucham, um dos acadêmicos da teologia mais respeitados nos Estados Unidos e reitor da Universidade Cristã Africana, na Zâmbia, declarou que não vai assistir nenhum episódio da série.
Sua declaração foi feita durante um podcast, quando afirmou que traça uma linha clara sobre o que consumir em termos de entretenimento: “[É uma] violação do Segundo Mandamento”, disse, em referência a Êxodo 20:4: “Não farás para ti imagem de escultura, nem semelhança alguma do que há em cima nos céus, nem em baixo na terra, nem nas águas abaixo”.
Outro pastor que falou sobre o assunto, de maneira indireta, foi Ageu Magalhães, reverendo na Igreja Presbiteriana de Vila Guarani, em São Paulo (SP). Em sua conta no Facebook, ele falou sobre o problema de adicionar palavras e fatos aos relatos bíblicos:
“Filmes, séries e novelas da Bíblia que acrescentam cenas e diálogos que não estão no texto sagrado, estão violando a Palavra de Deus. Na Bíblia não existe ‘licença poética’. Quando Paulo e os outros apóstolos citavam histórias e textos do Antigo Testamento eles o faziam com máximo zelo e fidelidade, sem qualquer acréscimo ou distorção”, conceituou.
Ageu Magalhães aprofundou seu argumento com um exemplo: “Quando Paulo citava as palavras de Jesus, não adicionava nem subtraia. Um exemplo está na 1ª carta à igreja de Corinto. Duas vezes Paulo fala ‘porque o que eu recebi do Senhor, isso também vos entreguei…’ (caps. 11 e 15), isto é, o que Cristo me passou eu estou entregando exatamente como ele me passou, sem acréscimos, nem diminuições”.
“Nas artes existe ‘licença poética’. Na Bíblia não. Nunca existiu. O que sempre existiu foi o mandamento de fidelidade: ‘Nada acrescentareis à palavra que vos mando, nem diminuireis dela, para que guardeis os mandamentos do SENHOR, vosso Deus, que eu vos mando’. Deuteronômio 4.2”, finalizou.
O ator de ‘Jesus’
De acordo com informações do portal The Christian Post, há uma polêmica no meio evangélico por conta do ator Jonathan Roumie, que em setembro de 2022 se encontrou com o papa Francisco em uma reunião privada, evidenciando sua fé católica.
Nessa ocasião, o papa se referiu a Roumie como “Jesus”, o que por si só foi motivo de discussão até entre os próprios católicos, levantando outra discussão polêmica: a associação da imagem do ator à pessoa de Jesus Cristo seria uma forma de idolatria?
O pastor Matt Pearson, líder da Igreja em West Franklin, no Tennessee, fez uma publicação afirmando que a maneira convincente como Jonathan Roumie interpretou seu papel havia começado a interferir em seus momentos de oração:
“Depois de assistir a vários minutos de um episódio de The Chosen, descubro que, quando oro, oro para Jesus como se fosse o personagem Jesus na série de televisão. Minha mente vai para ele. Minha atenção vai para ele. Minhas palavras são expressas para ele”.
A preocupação do pastor é que isso seja um sinal de idolatria: “Acho que não estou falando com o Jesus das Escrituras, mas com o Jesus retratado em The Chosen. Provavelmente sou estranho nisso e preciso aprender a bloquear, mas não consigo”.