Uma jovem que foi mal diagnosticada e se submeteu ao tratamento hormonal de transição de gênero quando ainda era adolescente decidiu ir à Justiça e processar a entidade de pediatria por conta das orientações equivocadas.
Isabelle Ayala, 20 anos, está processando a Academia Americana de Pediatria (AAP) pelo que considera uma “falha coletiva em tratá-la adequadamente em nome do modelo de cuidado chamado ‘afirmação de gênero’”. Quando tinha 14 anos, foi diagnosticada como transgênero e passou três anos recebendo hormônios masculinos.
O processo inclui os médicos que a atenderam como réus, e de acordo com a imprensa norte-americana, essa é a primeira vez que uma ação envolvendo questões de saúde abrange uma entidade de classe e os profissionais.
“Eu realmente não quero que isso aconteça com outras meninas vulneráveis. Não quero que a puberdade seja a inimiga. Não quero que nossa biologia natural seja a inimiga”, declarou Isabelle ao The New York Post.
O processo, que tem 38 páginas, alega conspiração civil, fraude, negligência médica e negligência grave, falta de consentimento informado e responsabilidade indireta. A história da jovem também está sendo contada em um documentário que uma entidade de proteção às mulheres produziu.
Na entrevista ao Post, Isabelle contou que foi abusada sexualmente quando era jovem e sua puberdade começou aos 8 anos, duas circunstâncias que resultaram em traumas e ressentimento, que a levaram a rejeitar a feminilidade e desejar ser homem.
Aos 14 anos, ela foi internada em uma clínica e diagnosticada com disforia de gênero por um médico, que decidiu que ela “se beneficiaria com o uso de hormônios sexuais cruzados” após uma única consulta que durou menos de uma hora.
Segundo informações da emissora Christian Broadcasting Network (CBN News), no processo a jovem acusa os médicos de ignorarem seus diagnósticos anteriores de autismo, transtorno de déficit de atenção por hiperatividade (TDAH) e transtorno de estresse pós-traumático (TEPT).
“Indicaram falsamente que a terapia hormonal sexual cruzada era a única opção de tratamento disponível para Isabelle para tratar eficazmente sua disforia de gênero, bem como sua ansiedade, depressão, TEPT e tendência suicida”, acusa.
Dores existenciais
Aos 17 anos, Isabelle tentou o suicídio e decidiu abandonar a intoxicação da testosterona. Quando se livrou dos hormônios, percebeu que não era homem e que sua transição havia sido um grande erro.
Os tratamentos hormonais resultaram em alterações físicas irreversíveis e ela sofreu danos permanentes, como atrofia vaginal, pêlos indesejados e estrutura óssea comprometida.
“Isabelle está agora com vinte anos e anseia pelo que poderia ter sido e por ter seu corpo feminino saudável de volta. As mudanças que a testosterona teve em seu corpo são um lembrete constante de que ela precisava de um especialista médico imparcial, disposto a avaliar sua saúde mental e fornecer-lhe os cuidados de que precisava, em vez de um grupo de ideólogos determinados a promover sua própria agenda e promover uma conspiração mais ampla às custas dela”, resume o processo, aberto em outubro.
“Não houve nenhum diagnóstico de saúde mental, nenhum diagnóstico psicocomportamental, nada além de simplesmente acreditar na palavra de Isabelle sobre o que ela precisava”, declarou o advogado Jordan Campbell.
O processo pede que a Justiça determine indenizações compensatórias e punitivas não especificadas e honorários e custas advocatícios. A AAP não se pronunciou sobre o caso.