Fama, dinheiro e assédio feminino fazem parte da vida de um jogador de futebol. Mas as lesões, a pressão pelos resultados e a solidão também estão na rotina de muitos atletas. É é nesta segunda opção, no lado sem glamour do futebol, que age Johnny Monteiro, um dos fundadores dos Atletas de Cristo, e que trabalha nos bastidores do Avaí.
Johnny é uma espécie de consultor espiritual dos jogadores. Passa os ensinamentos da Bíblia por meio de reuniões e encontros com os atletas, inclusive para os garotos das categorias de base. Também sugere músicas e textos motivacionais.
– Ele é um amigo meu e já conhecia o William, o Caio, a maioria dos jogadores do Avaí – explicou o técnico Silas. – Ele é um apoio, um cara para fazer um trabalho de psicologia dentro do futebol. Ele conhece a linguagem do jogador, tem muita facilidade para falar com os atletas.
Johnny não tem uma ligação oficial com o Avaí. Mesmo porque quer trabalhar com outros clubes do Sul do país e com atletas do vôlei e basquete. Na terça-feira, por exemplo, deu uma palestra motivacional para os jogadores do Flamengo, que venceram o Joinville, no basquete.
A ligação de Johnny com Silas começou no início da década de 1980, quando foi convidado pelo técnico Cilinho para trabalhar com os jogadores do São Paulo. Mais tarde, quando estava na Argentina, acompanhou o atual técnico azurra.
– O presidente do San Lorenzo me disse: “Qual o camisa 10 você tem?”. Falei do Silas, que então foi para a Argentina. No primeiro jogo, o Silas fez um gol no Boca Juniors. Ele pegou a bola, foi até o meio e se ajoelhou. Começa aí os Atletas de Cristo na Argentina.
O San Lourenzo seria campeão argentino, depois de 20 anos, com Silas sendo um dos jogadores mais importantes do time.
Johnny trabalhou ainda com a Seleção Brasileira sub-20, quando a equipe era comandada por René Simões, hoje no Coritiba. Também participou de duas Olimpíadas, sempre como um consultor espiritual. O volante César Sampaio, que já jogou pela Seleção Brasileira, costuma citar a importância de Johnny na sua vida profissional.
– Eu vejo nos atletas, diferente da torcida, que cobra muito, o seu interior. Muitas vezes o jogador está deprimido e com problemas na família. Trabalho com este lado emocional, tentando levar a palavra de Deus – contou Johnny.
Encontro reúne atletas e membros da comunidade
Na segunda-feira, dia 18, Johnny levou a reportagem do Diário Catarinense para acompanhar uma reunião na casa de Décio Antônio, ex-atacante azurra, e que mora nas proximidades da Ressacada. Estavam lá os jogadores Evando e Wendel, o auxiliar-técnico Paulo Antônio, irmão de Silas, atletas da base azurra, além de outras pessoas da comunidade. Este encontro acontece desde 1993.
Na garagem da casa, os participantes da reunião oraram e cantaram. Também ouviram um depoimento de Evando, que falou dos momentos difíceis da carreira e das lesões e como superou tudo. Paulo Antônio, depois de ler uma passagem da Bíblia, falou, principalmente, aos garotos da base.
– No futebol há mídia, dinheiro, fama. Mas também vai ter luta. Vocês estão preparados para enfrentar o banco de reservas por quatro ou cinco anos, as lesões? No futebol, um precisa do outro. Vocês estão preparados para morrer por seus companheiros em campo? – perguntou.
Na visão do auxiliar-técnico, quando o Avaí perdia por 1 a 0 para a Chapecoense e precisava virar a partida para ir à semifinal, os jogadores não deixaram de acreditar na vitória e em Deus. Ao final da palestra de Paulo Antônio, Johnny falou.
– Agora baixem a cabeça e falem com Deus.
Fonte: Diário Catarinense / Gospel+